Quem conhece Bruce Dickinson no palco, correndo, pulando e cantando coisas como “666, The Number of The Beast” frente ao Iron Maiden, não reconheceria o ‘tiozinho’ grisalho, de blazer e camisa social que esteve palestrando nesta tarde de segunda, 14, no VTEX Day, o maior evento de varejo multicanal da América Latina que ocorre até terça, 15, em São Paulo.
Andando sem parar pra lá e pra cá como se estivesse em um palco do Maiden, Dickinson veio ao Brasil falar sobre o seu lado empreendedor, que o tornou um homem de negócios de sucesso. Além de ser conhecido como um dos maiores vocalistas do heavy metal e estar em uma das bandas mais icônicas do gênero, o inglês de 59 anos é piloto, investidor no segmento de aviação, roteirista, historiador, cervejeiro, esgrimista e lançou recentemente o livro Bruce Dickinson – Uma Autobiografia.
O Virgula esteve na palestra frente à essa lenda do metal e conta abaixo os melhores momentos desse lado empreendedor e palestrante do cantor. Confira:
Estar em uma banda não bastava
“Eu estava em uma das maiores bandas do mundo. Nós gravávamos álbuns e viajávamos o mundo tocando para milhares de pessoas em festivais e estádios. Quando acabava a turnê, descansávamos e logo estávamos novamente em estúdio para gravar um outro álbum e assim fazer novos shows. Era deprimente porque a minha vida era como um looping, não mudava. Então, me questionei: ‘Minha vida será assim até eu morrer?’. Foi aí que percebi que precisava de algo mais. Precisava me dedicar a outras coisas para manter o meu cérebro vivo durante as turnês”.
Prefiro fãs a clientes
“Se você consome algo é porque acredita naquele produto. Você confia e se sente bem adquirindo-o, certo? Então, você é um fã. Sabe, nos negócios prefiro ter fãs a clientes. Vou dar um exemplo: vocês já viram um torcedor de um time deixar de apoiá-lo mesmo nas horas difíceis? Pois é, não acontece. Os torcedores, os fãs, estão sempre andando ao seu lado e lhe apoiando. Faça fãs e não clientes”.
Breja do Maiden
“Quando o show business entrou em crise por causa das baixas vendas de álbuns, as bandas precisaram se reinventar para sobreviver. Então, pensamos: qual produto poderia agradar a todos? Cerveja, é claro! Nem vinho agrada a todos e até rejeitamos essa ideia, mas cerveja não, todo mundo gosta. Foi então que lançamos a ‘The Trooper’. Pense, o nosso último álbum, ‘The Book of Souls’ é duplo e com músicas que beiram os dez minutos de duração. Quantas cervejas dá para beber o ouvindo inteiro?”.
Como nasceu o Ed Force One
“O Iron Maiden estava com um grande problema. Tínhamos muitos fãs na Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Índia, Coreia do Sul e os nossos contadores nos diziam: ‘Não vá até lá porque vocês vão perder muito dinheiro’. Realmente as passagens são caríssimas para viajar de avião normal entre esses lugares. Então, tivemos a louca ideia de fazer um acordo com uma companhia aérea e colocar a banda e toda a equipe dentro de um único avião. Desse modo conseguimos viabilizar os shows nesses locais”.
Integridade
“Claro que a nossa música vem em primeiro lugar. Mas, tudo o que fazemos em volta dela tem integridade. É verdadeiro. O que digo é: sua marca tem que ser verdadeira para que as pessoas se tornem fãs”.
No fracasso, levante-se
“Se você falir, levante-se! É preciso ter atitude diante do fracasso. O que você faz quando cai do cavalo? Bem, ou você desiste do cavalo ou monta novamente nele. E, na minha honesta opinião você tem que montar de novo. Com o tombo você aprende a lição e saberá como começar de novo, adaptando o seu produto à novas ideias. Lembre-se, grandes ideias nascem de dois jeitos: ou quando você tem muito dinheiro ou quando você não tem dinheiro algum”.