Todo mundo já tinha “baixado” o roteiro completo do show pela Internet. Todo mundo sabia movimento por movimento o que iria rolar no palco. Todo mundo saiu satisfeito. O Via Funchal teve seus 6.000 lugares cheios até os corredores de acesso à platéia na noite de terça-feira, 11, em que o público pagou para consagrar a decana banda norte-americana.

Os spoilers da turnê sul-americana começaram pelo Twitter quando a banda, formada há 28 anos, pisou em Bogotá, na Colômbia, para tocar no último dia 29. Messengers e as comunidades no Orkut fritavam quando passaram pela Argentina. Já no Chile, o setlist e os passos do vocalista Michael Stipe & Cia. eram sabidos quase de cor, já que completara-se o enredo com a vitória do candidato da banda, Barack Obama, a chefe da Casa Branca. Ali eles o homenagearam com “I Believe”.

COREOGRAFIA

Assim, quando na terceira música o guitarrista Peter Buck levantou a palheta para o primeiro acorde, a platéia levantou os braços junto sabendo que viria o primeiro hit, What’s the Frequency Kenneth?. Com ela, os óculos escuros e a dança robótica de Stipe.

Em Drive, o público nem precisou de aquecimento para balançar os braços para a esquerda no tick; e para a direita no tock.

MESSIAS NEGRO

Barack Obama surge na tela, qual um Messias. Em bom inglês, Stipe dá o recado para Bush pai e Bush filho: saiam andando, manos, e nem olhem para trás. Ok, o manos é licença poética minha, mas o restante procede. Dedica Imitation of Life ao mais novo do clã e fecha a “homenagem” com The Great Beyond.
Celulares são erguidos, fazendo as vezes de isqueiros, em Everybody Hurts, e Stipe imita a si mesmo quando da primeira vez da banda no país, no Rock in Rio de 2001, descendo do palco para que o público faça cafuné em sua careca no hit The One I Love.

MOMENTO POST-IT
Já era sabido que Nightswimming viria crua, em piano e voz, e que o vocalista empunharia um megafone no hit oitentista Orange Crush.

O momento post-it, em que as projeções atrás do palco explodiriam imagens dos decalques amarelos com recados em português, começa em It’s the End of the World (and I Feel Fine), com um convite: “Vamos Cantar?”.

É preciso coragem pra encarar a música, que quase não dá um segundo de respiro, após 90 minutos de apresentação.

SAY YEAH!

O bis é precedido por mais convites em post-its. Telão: – “Mais R.E.M.?”
Platéia: – “Yeah!”
Telão: – “Mais barulho!”
Platéia: – “Yeah!”
Telão: – “R.E.M. ama São Paulo”
Platéia: – “Yeah!”

“Supernatural Superserious”, nova, e “Losing My Religion”, respiro pop em anos grunge, costuram 18 anos de histórico bem-sucedido. E quando chega a quinta música do bis, Man on the Moon, ode ao humorista Andy Kaufmann, até eu que pouco acompanhei a turnê virtual sabia que era o fim. De um filme bem conhecido e de final feliz.


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R.E.M. encanta claque em segundo show paulista