A escocesa KT Tunstall ralou um bocado até virar a voz por trás do carro-chefe da trilha sonora do filme O Diabo Veste Prada, de 2006. Após embalar a comédia protagonizada por Anne Hathaway e Meryl Streep, a otimista canção Suddenly I See caiu no gosto do povo e virou presença fácil nas FMs brasileiras. Também trilha de um comercial de uma operadora de telefonia celular, ganhou espaço na TV nacional. Depois de 15 anos de muito barzinho, voz e violão na Grã-Bretanha, a cantora e compositora teve sorte grande ao ser convidada a cobrir, de última hora, a ausência do rapper Nas no tradicional programa Later with Jools Holland, da BBC.

Foi nessa ocasião que ela pôde mostrar a um público mais numeroso sua Black Horse & The Cherry Tree, primeira música de destaque do seu álbum de estréia, Eye To The Telescope, de 2005. A apresentação chamou atenção de pronto do público e da mídia. Logo KT alcançava a marca de mais de um milhão de cópias vendidas do disco, contabilizando apenas o retorno obtido nos Estados Unidos. Suddenly I See é outra que faz parte de Eye To The Telescope e, aliada ao também sucesso Other Side of The World, colocou a mistura entre folk e pop rock de KT como bola da vez do mondo pop. Especialista em baladas, a britânica ganhou ainda o coração dos que são vidrados em acústicos com KT Tunstall’s Acoustic Extravaganza, compilação de CD e DVD publicada em 2006.

O desafio agora é perdurar no cume da música pop, razão pela qual a moça, recém-casada, não quis parar os shows nem para viajar em lua-de-mel com o marido, Luke Bullen. Ela está animada com a divulgação do CD Drastic Fantastic, encabeçado pelos hits Hold On e If Only, mote principal do repertório dos shows que apresenta no Brasil nesta semana. Depois de cantar em um evento fechado para jornalistas, músicos e outros convidados ontem (14), na festa de dois anos da revista Rolling Stone Brasil, ela comanda shows abertos ao público em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Aproveitamos a ocasião para trocar uma idéia por telefone com KT, conversa registrada abaixo.

Você acabou de casar com Luke Bullen, baterista da sua banda. Baquetas são sedutoras para você?
Eu sempre escolho os bateristas (risos). Eu e o Luke moramos juntos há bastante tempo e ele toca comigo na banda. Nosso casamento não surgiu como uma idéia antiquada, tipo para cumprir um papel social. Simplesmente nos pareceu a coisa certa a ser feita no momento.

E a lua-de-mel está sendo assim mesmo, na estrada?
Pois é, não tiramos nenhuma folguinha para uma lua-de-mel de verdade, mas tem um razão para isso. Imagina trabalhar 15 anos para conseguir algum espaço para mostrar a sua música… Isso foi o que aconteceu comigo. Agora que posso viajar o mundo fazendo o que amo, não quis correr o risco de parar nem por um minuto pelos últimos anos. Mas depois de passar pelo Brasil, queremos finalmente relaxar um pouco. Pretendemos passar uns três meses viajando. Na volta, quero me concentrar no meu próximo álbum.

Já tem um rascunho em mente de como vai ser esse álbum?
Bem, vou começar a focar nele mais no início de 2009. Sei que quero algo bem orgânico. E o principal: não quero fazer nada com pressa. Apesar de eu ter ficado, sim, satisfeita com meu segundo álbum (Drastic Fantastic), teve uma coisa na criação dele que não curti. Ele foi feito sob pressão, comprometido com prazos curtos. Fiquei exausta e não levei o tempo suficiente para pensar nele. Não quero nada feito às pressas para esse terceiro disco. Quero tranqüilidade para pesquisar ritmos, climas e desenvolver um repertório de mais músicas, a partir das quais eu possa escolher a lista de canções que de fato entram no álbum.

O que é “drástico” e “fantástico” ao mesmo tempo para você?
Acho que drástica é essa sensação permanente e bizarra de que parece que estou viajando no tempo quando estou em turnê. Quando você se sente como se tivesse sido engolida por alguma coisa e não conseguisse sair dali, sabe? De dentro dela. É estranho. Viver pipocando entre um fuso horário e outro. Ir de Tóquio a Nova York e se dar conta de que você não vê sua mãe e seus amigos há três, quatro meses. Isso dá uma pirada às vezes. Sua noção de tempo fica meio zoada. Você vai percebendo quão importante é sua família. E fantástico é fazer o que estou fazendo agora. É como se estivesse me realizando completamente em alta-velocidade. Ir à América do Sul pela primeira agora é parte desse sonho, dessa realização. Eu e toda a banda estamos com a melhor das expectativas para os shows aí. Esperamos uma atmosfera bem relaxante do Brasil e ver todo mundo curtindo as apresentações ao máximo.

Alcançar o topo ou permanecer nele – o que é mais difícil no mercado da música pop hoje?
Acho que estar no topo é algo bem subjetivo, relativo. Estar no topo não é ser o número 1. Não há necessariamente uma carreira, um trabalho, associados a estar no topo. A partir da minha experiência, acho o seguinte. Quando você é músico e tem que se virar para cair na estrada sem uma estrutura por trás, gasta muito dinheiro. Quem ajuda você a sobreviver são seus fãs fiéis, que compram seus discos e vão aos seus shows. Você tem muita sorte se já conquistou isso. No momento, o que eu tenho me realiza. Tenho meios de viver de música. Estar no topo para mim, portanto, é continuar tendo essa possibilidade.

Você já cantou covers bem bacanas de Radiohead, The Bangles e Bloc Party. Que outros covers você gostaria de fazer?
Gosto muito de cantar rock em um formato acústico. Adoro Chemical Brothers e adoraria fazer uma versão apenas com violão de uma música deles, por exemplo.

Fiquei sabendo que você está envolvida em duas campanhas: uma em prol da conscientização sobre os perigos do aquecimento global, outra contra a crueldade contra os frangos. Quais as motivações da sua dedicação a essas causas?
Pois é, eu acabo de voltar de uma viagem incrível ao Pólo Norte, na qual estive ao lado de gente muito bacana, como Laurie Anderson, Jarvis Cocker, Feist, Ryuichi Sakamoto e vários arquitetos e artistas visuais. Fomos até a costa oeste da Groelândia numa expedição chamada Disko Bay, promovida pelo projeto Cape Farewell. Tocamos juntos em um hotel e debatemos sobre o estado do meio-ambiente hoje. Foi bem educativo e ao mesmo tempo inspirador e assustador. Dá para ver o que rolou em http://www.capefarewell.com/. Me fez pensar sobre como quero viver minha vida de uma maneira da qual possa me orgulhar. Quer dizer, acho bem legal o que o Greenpeace faz, mas estou mais interessada em agir do melhor jeito no meu dia-a-dia. Eu sou vegetariana há bastante tempo e acredito que isso é uma espécie de contribuição. Tratar mal os animais é coisa de ser humano preguiçoso. A quantidade de vacas no mundo hoje tem tudo a ver com a mudança do clima. Temos que ficar ligados nisso.

Serviço

Datas e locais da turnê de KT Tunstall no Brasil:

15/10 – São Paulo – Via Funchal
Horário: 21h30
Preços:
R$ 280,00 Platéia VIP
R$ 280,00 Camarote
R$ 220,00 Platéia 1
R$180,00 Platéia 2
R$120,00 Platéia 3
R$ 100,00 Platéia Lateral
R$ 150,00 Mezanino Central
R$ 100,00 Mezanino Lateral
Funcionamento da bilheteria: 12h às 21h20
Vendas por telefone: (11) 3188-4148
Vendas online: www.viafunchal.com.br

16/10 – Rio de Janeiro – Canecão
Horário: 22h
Preços:
R$200,00 Frisa Central
R$180,00 Balcão Nobre
R$130,00 Poltrona par
R$120,00 Pista
R$20,00 Poltrona ímpar – somente na bilheteria e no dia da apresentação
Informações: (21) 2105-2000
Vendas online: www.canecaopetrobras.com.br

19/10 – Porto Alegre – Bar Opinião
Data: 19 de outubro, domingo, às 22h.
Onde: Bar Opinião (José do Patrocínio, 824 – Cidade Baixa)
Preços: Lote promocional: R$ 60,00
Pontos de venda: Lojas Backdoor (Shoppings Iguatemi, Praia de Belas, Rua da Praia e Lindóia) www.opiniaoingressos.com.br
Informações e tele-entrega Opinião: (51) 8401-0104 www.opiniao.com.br

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Recém-casada, KT Tunstall inicia temporada brasileira e fala ao Virgula