O Brasil está na moda e não apenas por sua pujança econômica. A nação do futebol receberá em alguns meses a Copa do Mundo e em dois anos será a vez dos Jogos Olímpicos, mas nem tudo é esporte no berço da Bossa Nova e o país quer demonstrar que voltou a ser a potência musical de antigamente.


O Brasil é um dos poucos países que em 2012 romperam a sequência contínua de quedas de venda em nível global, com 9% de aumento de receita, apoiado por um enorme mercado de eventos ao vivo e 25% de crescimento do setor digital.

Com esse trunfo, o país foi apresentado em Cannes (França), no Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), pelas mãos de três embaixadores de peso e que conseguiram sucesso além de suas fronteiras: o festival Rock in Rio, o serviço de “streaming” Pleimo e o selo Som Livre.

A maior gravadora do país é a casa de astros da música internacional, que apesar de poderem ser considerados efêmeros e comerciais, não significa que são menos relevantes, como Gusttavo Lima (“Balada”) e sobreduto Michel Teló, cuja versão de “Ai se eu te pego” vendeu 7 milhões de cópias e foi a 6ª canção mais tocada de 2012.

“O idioma português continua sendo hoje em dia uma grande barreira para que os artistas brasileiros consigam um êxito internacional, mas algumas canções estão recebendo mais atenção do que teriam tido há 10 anos”, disse Marcelo Soares, diretor-executivo da Som Livre.

Soares destacou a enorme diversidade musical do país: “os dois ou três gêneros que representam o mainstream no Brasil monopolizam 85% das vendas, mas o resto aglutina uma quantidade enorme de estilos e artistas novos que aparecem a cada ano”.

Nessa porcentagem se encontram gêneros relativamente recentes que encantam parte da juventude carioca, como o funk, que saiu da marginalidade e hoje influencia a obra de artistas internacionais como M.I.A.

Como prova da riqueza do país, o MIDEM se transformou nestes dias em uma grande vitrine para alguns dos mais promissórios rostos da jovem cena brasileira, com a apresentação da banda de eletropop Zémaria, da artista de maracatu Renata Rosa, o pop-rock de Rita Benneditto e o rap nacional de Criolo.

“Tem que ser diferente para ganhar”, defendeu Luis Justo, diretor-executivo do Rock in Rio, o gigante dos festivais de música que, desde seu nascimento, em 1985, reuniu mais de sete milhões de pessoas entre suas sedes do Rio de Janeiro, Lisboa e Madri. E em 2015, o evento desembarcará em Las Vegas (EUA).

Segundo Justo, o modelo do Rock in Rio se distingue por uma enorme plataforma de comunicação, que se revelou capaz de atrair em seus trinta anos de história mais de US$ 52 milhões em patrocínios e mais de US$ 100 milhões em venda de entradas.

O diretor destacou ainda a filosofia do Pleimo, plataforma digital onde é possível escutar música sem necessidade de download e que disputa mercado no Brasil como gigantes como Deezer e Spotify.

Diante das críticas à maneira como os artistas são pagos pelas audições, a Pleimo defende uma remuneração justa e a necessidade de estimular os estreantes a gravarem um segundo álbum.

“Vemos como um ciclo interconectado. Colocamos os artistas no centro do lucro derivados das escutas. Se atraem o público para as assinaturas pagas, eles ganham. Além disso, podem vender seu merchandising, entradas para shows, vídeos e informamos onde se apresentam”, enumerou Dauton Janota, diretor-executivo da Pleimo.

Ainda há muito o que fazer. A infraestrutura da música ao vivo se concentra em Rio e São Paulo, mas as possibilidades que o mercado digital abrem e a vontade dos novos artistas de voarem além de seus próprios lares fazem com que o Brasil seja em 2014 o país não só do futebol, mas da música também. 


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Brasil mostra sua força no Midem, maior feira da indústria musical do mundo