Quem acompanha o trabalho de Paula Lima, considerada por muitos uma diva da música brasileira, irá se surpreender ao ouvir seu mais recente trabalho, Sinceramente. Não pela qualidade, que continua a mesma, mas porque neste que é seu terceiro disco, a paulistana resolveu se entregar ao samba. Propositalmente.

“Essa foi minha idéia desde o início para mostrar a minha brasilidade, pois as pessoas conheceram o meu lado soul e chega uma hora que isso limita o trabalho”, disse a cantora em entrevista ao Virgula-Música.

Em meio às influências do jazz e do blues, Paula diz que nasceu “no meio do samba e ele não está por acidente na minha vida”. Mas, como não se considera nenhuma sambista, a cantora optou por dar uma cara mais moderna ao samba.

Para isso, ela se cercou de músicos que entenderiam a proposta do trabalho e usou nas canções com cara pop, como Novos Alvos (atual música de trabalho) e Eu já Notei, instrumentos como cuíca, pandeiro, cavaco, mais comuns aos sambas.

Outro ponto revelado pelo disco é a qualidade vocal de Paula Lima, que se sobressai em canções como Tirou Onda, Negras Perucas e outras. “É o primeiro disco em que eu busquei realmente interpretar as canções. Me sinto mais madura e acho que maturidade vem quando percebemos que podemos fazer menos e não pensar só na gente”.

Parcerias novas rumando novos alvos

Os compositores são uma atração à parte no disco, a maioria, inédita. É o caso de Zélia Duncan e Ana Carolina, de quem Paula nunca havia gravado uma música. Somam-se a elas nomes como Arlindo Cruz, Seu Jorge e Leci Brandão.

A variedade das parcerias não teve a intenção de atingir outros públicos, mas Paula acredita que isso pode acontecer. “Alguns compositores têm uma singularidade em seu trabalho que, quem conhece a Zélia e ouve Novos Alvos sabe que a música é dela. Acredito que isso chame a atenção de quem gosta do trabalho dela, por exemplo. Eu mesma, se alguém vai cantar uma música da Leci, vou prestar atenção e de repente me interessar pelo trabalho dessa pessoa. Espero que isso aconteça comigo”, diz Paula.

Quanto à escolha, ela conta que era seu desafio trabalhar com novos parceiros, com um potencial muito grande para escrever. “Sempre estive preocupada com o balanço das músicas, e dessa vez, queria boas letras. Todas as canções têm um carimbo de aprovado, dizem o que eu estava sentindo”.

Zeca Baleiro pode ser considerado um parceiro indireto. Não assina nenhuma música, mas foi dele a idéia do título do disco, Sinceramente.

Paula Lima do tamanho do mundo

Com Saudações, de Leci Brandão, a relação com a letra ficou mais fácil. Ela lembra de ter se emocionado ao cantar a música para Aloízio, jogador do São Paulo de origem simples, durante um programa na TV.

As duas se conhecem há apenas dois anos, e a paulista lembra de ter ouvido da sambista que era um exemplo para tantas mulheres da comunidade de que as coisas podem dar certo. Foi quando Paula sentiu que poderia ter um lado social mais ativo.

Na hora da escolha do repertório, Paula ligou para Leci que em cinco minutos retornou a ligação com a letra de Saudações, que encerra o disco. “Ela vem contar no que eu acredito, quais são minhas crenças, quem eu sou”.

Avaliando seus trabalhos anteriores, a cantora acredita que teve uma evolução natural. “O primeiro (É Isso Aí, lançado em 2001) mostrou meu lado soul, brasileiro. O segundo disco (Paula Lima, lançado em 2003 pela Universal) não teve um bom resultado, ficou descaracterizado. Agora quis buscar minha essência, ver qual é o meu projeto de vida, o que eu quero alcançar e mostrar para as pessoas, e principalmente, de que tamanho eu quero ser: São Paulo, Brasil, mundo? Fiquei com a terceira opção”.


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Paula Lima se entrega ao samba em seu 3° disco, Sinceramente

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