O roqueiro Bono, da banda U2, pediu aos eleitores irlandeses descrentes que ratifiquem o Tratado de Nice, que diz respeito à ampliação da União Européia, num plebiscito que acontecerá ainda este ano.
A Irlanda tumultuou os planos de expansão da UE quando rejeitou o tratado, por 54 por cento dos votos contra e 46 por cento a favor, num primeiro plebiscito promovido no ano passado.
“Pelo amor de Deus, se rejeitarmos a expansão, o que seremos? Vou a reuniões com políticos na Europa e eles sempre falam no assunto”, disse o vocalista do U2 em entrevista concedida à rádio estatal irlandesa.
“Eles acham inacreditável que a Irlanda tenha feito o que fez com o Tratado de Nice. Muitos políticos estão ficando revoltados conosco. Acho que votar ‘não’ vai fazer a Irlanda parecer altamente egoísta”, acrescentou Bono, que já ficou conhecido por sua militância em prol do perdão da dívida do Terceiro Mundo.
O apoio de Bono representa uma lufada de ar fresco para o lado pró-Nice, cujos líderes políticos se esforçam para atrair o eleitorado irlandês, enfrentando a apatia amplamente difundida entre a grande população jovem do país.
Pesquisas de opinião recentes detectaram um aumento do sentimento contrário em relação ao Tratado e uma queda no apoio à realização do segundo plebiscito, previsto para outubro.
Alguns eleitores chegam a se irritar por lhes ser pedido que votem duas vezes sobre o mesmo assunto.
Se não for assinado por todos os países membros da UE até o final deste ano, o tratado vai expirar, complicando tremendamente a entrada na união de 12 países novos, em sua maioria do leste europeu.
A postura pró-UE de Bono forma um contraste com a do também militante humanitário e natural de Dublin Bob Geldof, que recentemente provocou um furor ao se manifestar contra o euro num comercial veiculado nos cinemas britânicos.