O produtor e DJ Soul One


Créditos: Divulgação

Todo mundo que gosta de música eletrônica e do coletivo Metanol FM tem compromisso marcado nesta quarta-feira (14) das 19h às 23h. O coletivo paulistano fará um set incrível dentro do projeto BOILER ROOM BRAZIL X SKOL BEATS, que vai rolar em um local secreto, para apenas 100 pessoas, mas você também é convidado. O público pode conferir o evento ao vivo no www.skolbeats.com.br.

O coletivo Metanol FM, grupo que tem como principal objetivo divulgar e disseminar uma nova cena da música eletrônica, é formado por cinco seletores musicais (Akin, MJP, Seixlack, Soul One e Vekr) e um seletor visual (U-rso). O projeto é considerado um dos epicentros da atual música de vanguarda de São Paulo.

O Boiler Room, projeto de música underground londrino mais cool do mundo, fechou uma parceria com Skol Beats para uma série especial de eventos no Brasil, que começou com o incrível DJ Marky, tocando diretamente da sala da casa dele. O projeto em que DJs são convidados para tocar para poucas pessoas, sempre ao vivo com transmissão pela internet (LiveStream), foi lançado em 2010.

A parceria entre Skol Beats e o Boiler Room tem como um de seus objetivos proporcionar visibilidade internacional para o trabalho de DJs brasileiros, transmitindo em live streaming o set completo, que pode ser acompanhado por todo o mundo.

No clima para curtir essa edição espetacular do projeto BOILER ROOM BRAZIL X SKOL BEATS com o Coletivo Metanol FM, entrevistamos o produtor e DJ Tiago Salvioni, a.k.a. DJ Soul One, que lançou no finalzinho de 2013 o elogiado Pulso, segundo disco de sua carreira. 

No bate-papo, Soul One fala sobre suas inspirações, a produção de Pulso, a importância do coletivo Metanol FM e, é claro, sobre a aguardada participação no BOILER ROOM BRAZIL X SKOL BEATS. Veja abaixo:

Virgula Música: Como foi o processo de composição de Pulso? Como é seu método de trabalho?
Soul One: Foi num período intenso de produção com prazo para cumprir. É difícil falar que uma música está pronta, então estipulei uma data, me organizei com o lançamento e fiz o que pude nesse tempo.

Estou sempre mudando o meu método de trabalho. Atualmente tenho feito sem pressa, prefiro trabalhar em várias músicas todos os dias, assim vou amadurecendo melhor as ideias. Quando se trabalha muito em cima de um mesmo som, é fácil enjoar da música dias depois. Musicalmente, sou desorganizado, saio gravando e escolhendo timbres na hora, mas a cada dia organizo tudo em pastas e projetos. Isso agiliza a produção.

Virgula Música: Quais são as diferenças entre o Ardilosa e o Pulso? Você, como artista, consegue identificar um amadurecimento artístico e técnico?
Soul One: Acho que a diferença é principalmente na fase da música eletrônica. A tendência estética passa muito rápido, tem muita coisa descartável, isso tem seus prós e contras. As músicas do segundo disco são mais cristalinas, com mais grave, foi um avanço técnico. Acho que sempre vou amadurecendo, errando e acertando, seja na mix, no arranjo ou na referência, sempre foi importante ter interpretação de forma mais atemporal possível.

Virgula Música: Há uma definição de Pulso, que descreve o trabalho como “um mergulho fundo em si mesmo, revisitando elementos essenciais dos gêneros elementares da música”. Como você consegue traduzir em palavras essa definição para gente?
Soul One: O disco Pulso é uma releitura de parte do que fui e sou. Ouvi house e techno por muitos anos, então eu usei os timbres e o mood desses estilos, em música com low (baixo) bpm. Cada um tem sua ciência. Quebrar a fórmula e misturar as referências é sempre uma busca. Errando e acertando.

Virgula Música: Você toca muito em várias festas da cidade de São Paulo, geralmente para um público muito fiel. Como é o desafio de manter um set criativo, original e coeso?
Soul One: Não dá tempo para pensar muito, acho que é um trabalho constante e natural, envolvendo pesquisa, feeling e experiência. Muito mais transpiração do que inspiração (risos).

Virgula Música: Quem são seus ídolos na música eletrônica?
Soul One: São muitos que fazem ou fizeram muita diferença na vida, vou citar alguns que me vem à cabeça: Prefuse 73, Random Noise Generation, EL P, Juan Atkins, Flying Lotus, Derrick May, Dj Krush, Carl Craig, 1000 Names, Lorn.

Virgula Música: Como surgiu o Coletivo Metanol FM?
Soul One: Em 2008, em um ritmo bem lento, eu já estava fazendo beats tortos com low BPM. No ano seguinte MJP, outro integrante da Metanol, e eu, começamos uma festa chamada SINT, na mesma época o Akin estava começando a Metanol. Em pouco tempo conheci os outros integrantes e começamos a tocar sempre juntos, até que o Akin idealizou o coletivo.

Virgula Música: Existe alguma filosofia por trás do projeto Coletivo Metanol FM?
Soul One: Não sei se é bem uma missão, mas todos temos certa afinidade e uma boa bagagem. Organizamo-nos e ajudamos para termos mais oportunidades.

Virgula Música: Sobre as festas de rua em SP? Que culminaram no incrível SP na Rua? Essa retomada do espaço público é importantíssima, não?
Soul One: Outros coletivos já fazem isso há algum tempo aqui em São Paulo, principalmente tocando música jamaicana. Agora, fazemos o mesmo com musica eletrônica. Assim como outros coletivos também estão fazendo. Não sei se é importantíssimo, mas eu gosto bastante. É bem democrático, divertido e barato.

Virgula Música: Vocês tem noção de que estão participando de um movimento de coletivos que está fazendo história?
Soul One: Não, mas se alguém acha isso, fico contente! Para viver fazendo o que se gosta parece que tem que trabalhar o triplo, às vezes não dá nem para sentir a resposta. Ter noção disso é um bom incentivo!

Virgula Música: Sobre a cena underground da música eletrônica em SP. Como você a vê?
Soul One: Está voltando a ter a força que tinha ante. Está mais versátil e independente com uma nova geração.

Virgula Música: Evoluímos muito nesse ponto?
Soul One: Acredito que sim. A cultura pop, maximal e coisas do tipo eram só o que estava tocando por aí. Agora temos mais opções e muitos estilos.

Virgula Música: Essa cena é madura? Consistente?
Soul One: Não, mas acho que estão bem direcionados, com a mente aberta e valorizando mais o trabalho dos produtores. A cena está ainda amadurecendo e a energia está consistente.

Virgula Música: O que você indica para nós de coisas legais que estão rolando na cena de SP e do RJ?
Soul One: Em São Paulo a Beatwise Recordings, selo do qual faço parte. No Rio, o 40% Foda/Maneiríssimo.

Virgula Música: Sobre o projeto BOILER ROOM BRAZIL X SKOL BEATS. O que você acha do evento? 
Soul One: Eu curto! Já vi vários produtores que admiro.


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Boiler Room Brazil x Skol Beats transmite ao vivo session do coletivo Metanol FM; leia entrevista com o produtor Soul One