A banda Montage, formada em janeiro de 2005, pelos cearenses Daniel Peixoto, 23 anos, e Leco Jucá, 32, finalmente lança seu disco de estréia, I Trust My Dealer, pelo selo Segundo Mundo. O disco ficou pronto e chega às lojas em duas semanas.

A dupla se conheceu ainda em Fortaleza, em 2004, durante as gravações de um curta, intitulado Lola, no qual Leco era diretor de fotografia e editor, e Daniel, um dos atores do vídeo.

Em entrevista ao Virgula, Daniel explica a demora no lançamento do CD: “A gente perdeu um ano na transição do Ceará até São Paulo. Lá, não tínhamos recursos nem perspectiva, por isso, nos mudamos em março de 2006 e assinamos com o selo Segundo Mundo. Passamos um ano em processo de gravação do disco. Quando ele estava pronto, o nosso guitarrista saiu e tivemos que compor, do zero, faixas para substituir as que eram dele. O CD ficou pronto novamente, em agosto, e teve que passar por processo de masterização e essa coisa toda. Como tocaríamos no Tim, resolvemos segurar um pouco mais para lançar após o festival, esperando que repercutisse na mídia como, de fato, ocorreu”.

Autor de músicas como “Money, Sucess, Fame, Glamour”, baseada em uma música do filme Party Monster, e “Hi, Oprah!”, o duo diz que toda essa referência ao “glamour” e à fama é mais uma crítica do que uma apologia.

“Quando começamos, a banda deu certo rapidamente. Atrevo-me a dizer que nenhuma outra banda do nordeste conseguiu as coisas que nós conseguimos. Então, as pessoas começaram a pensar que nós já éramos ricos e famosos”, disse Peixoto. O vocalista define glamour como algo que não vem só com a ostentação de artigos caros, mas que é transmitido pela forma como você se porta e não só por como se está vestido.

A respeito de outras músicas do CD, a dupla admite haver certa apologia às drogas, mas acrescenta que isso faz parte da realidade e é hipocrisia negar sua existência. No caso de “Ode to My Pills”, Daniel explica que “é mais uma crítica social, porque fala das pessoas que apontam o dedo para pessoas que usam drogas ilícitas, enquanto elas próprias são dependentes das drogas de farmácia, que são drogas do mesmo jeito”.

Enquanto Leco se diz a favor da legalização das drogas, pois, assim, “seria resolvido um monte de coisas ligadas à violência, ao tráfico”, Daniel se diz a favor da descriminalização como um primeiro passo para solucionar o problema.

O showman do duo diz que inspira suas fortes performances de palco na energia de Iggy Pop, por ser “insana e intensa”, mas gosta também da “técnica e da disciplina” da Madonna, que sabe exatamente os movimentos que deve fazer. Já David Bowie é mais uma inspiração estética e musical para ele.

Questionado sobre se a marcante presença de palco não ofuscaria a música em si, Leco afirma: “É lógico que quem presta atenção mais na performance não se liga muito no som, mas com o tempo e o amadurecimento da banda e do público, as duas coisas [som e performance] podem ter o mesmo peso”.

Como eles têm lidado com a fama é outra questão que Peixoto comentou: “queremos viver da música dignamente e agora que a coisa está bem encaminhada, acaba-se criando a confusão de que a gente só quer ser famoso. Queremos o retorno financeiro que só se consegue com a fama. Assim como médicos e advogados querem ser os melhores em sua área, nós também queremos”.

Depois de tocar em diversos festivais do país e ter sido elogiado por um jornalista do site britânico “Observer”, o Montage tem apresentação agendada para este sábado no Festival Groselha Fuzz, que acontece em Riberão Preto e reúne 33 bandas da cena underground.


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Montage lança CD de estréia e fala sobre o disco e o 'glamour' da banda