Há cinco anos longe do palco Marisa Monte mostrou ao público paulista que o barulhinho continua bom. A estréia do show Universo Particular, sexto trabalho da cantora, em São Paulo, lotou o Credicard Hall na noite desta sexta-feira, lavando a alma da cidade que estava atordoada com a violência.

Infinito Particular abre o show com o palco no escuro e uma meia luz no rosto de Marisa, o que deixou o público ansioso pelo desfecho da música. O palco ‘móvel’ e que, em certos momentos, simula uma caixa de madeira, é o décimo integrante da banda que acompanha a cantora. A cada música um novo cenário vai sendo montado sobre os trilhos que ocupam o palco. Especialmente em Alta Noite, uma ‘lua’ desfilou durante toda a música, deixando a platéia em silêncio.

Marisa não quer assumir o papel de líder da banda, e passa, propositalmente, boa parte do show no meio dos músicos. Em entrevistas, ela disse que seria muito estranho, depois de meses de ensaios, ver os companheiros atrás dela no palco. E ela está muito bem acompanhada por Carlos Trilha (teclados, sampler), Pedro Baby (violão e guitarra), Dadi (baixo, violão e guitarra), Mauro Diniz (cavaquinho e violão), Marcelo Costa (bateria e percussão), Maico Lopes (trompete), Pedro Mibielli (violino), Marcus Ribeiro (cello) e Juliano Barbosa (fagote).

Sucessos anteriores aos recentes discos Infinito Particular e Universo Paralelo, ambos de 2006, também entraram no repertório do show. Carnavália, Passe em Casa e Velha Infância – um dos melhores momentos do show, quando Marisa comanda e divide o coro do público – do projeto Tribalistas, além das antigas Segue o Seco e Não vá embora.

Em 15 anos de carreira, Marisa é hoje uma cantora que já embalou histórias de amor, e soube aproveitar de sua popularidade para consagrar o samba. O samba que vem da Portela como Para Mais Ninguém, de Paulinho da Viola, o de São Paulo e do Rio Grande do Sul, como Vai Saber? da gaúcha Adriana Calcanhoto.

Mas nem só de samba vive o infinito particular de Marisa. Sobre Satisfeito, ela comenta que é uma canção-resposta para a música Wave de Tom Jobim, que diz “é impossível ser feliz sozinho”. Marisa discorda. Diz que precisamos viver bem sozinhos para depois vivermos bem com alguém. A platéia aplaude. Logo ela volta atrás dizendo que Tom também deve estar certo.

Outra nova parceria – com Dadi e Seu Jorge – resultou na festiva e inédita Não é Proibido, que destoa das demais pela levada ‘soul’. Ao final da música, Marisa comentou os ataques à São Paulo durante a semana. “A maioria das pessoas é do bem”, disse, pedindo que apenas, acreditássemos nisso.

Entre os amigos presentes, Arnaldo Antunes assistiu ao show da primeira fila. Parceiro da cantora em 13 das 23 músicas do repertório, não escondia o orgulho de, indiretamente, participar do universo de Marisa nos antigos e mais recentes projetos.

Depois de uma hora e meia de show, Marisa retorna sob gritos de ‘eu te amo’ e ‘linda’, vindos de uma animada platéia. Para o bis, Mais Uma Vez, resultado de outra parceria de sucesso com Nando Reis, e Não Vá Embora, que levantou o público.

Infinito Particular continua em São Paulo até 4 de junho, e já tem turnês agendadas na Europa e Estados Unidos no segundo semestre. Sorte de quem puder ouvir os sambas, as declarações, homenagens e poesias que saem da caixinha de madeira de Marisa Monte.

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Marisa Monte estréia o show Universo Particular em São Paulo