Provocadora, dura, intimista, brincalhona e muito sexy, aos 50 anos, uma Madonna com mil faces e em ótima forma se apresentou no sábado (23), em Cardiff, País de Gales, mais jovem que nunca e deixou boquiabertos os milhares de fãs que se renderam ao pontapé inicial da turnê “Sticky & Sweet”.

Madonna ainda não encontrou substituta à altura e deixou isso bem claro. A diva já não recorre à pornografia, não finge que se masturba no palco nem provoca o clero. A cantora exibe agora seu eu mais atlético: salta, se contorce em movimentos impensáveis e se transforma em boxeadora.

Com contornos vertiginosos ao ritmo do techno-pop, do piano, do violino ou de qualquer outro e com vários modelitos exuberantes, a cenografia e a coreografia da cantora deixaram em êxtase o Millennium Stadium. Em grande estilo. Ao mais puro estilo Madonna.

Não há dúvida de que meio século e três filhos não conseguiram reduzir, nem um pouco, o vigor inesgotável da cantora americana.

Com um corpo de dar inveja, esculpido à base de intermináveis sessões de ginástica e ioga, o furacão Madonna se apresentou durante duas horas eletrizantes no Millennium.

O show começou com um atraso de meia hora, mas o público perdoa tudo o que essa diva faz.

Música a música

A apresentação começou com “Candy Shop”, do último álbum, “Hard Candy”, que contou com um preâmbulo audiovisual muito ao gosto da rainha: várias telas sobrepostas em forma de cubo, jogos digitais cheios de “guloseimas” elétricas.

Aí aparece uma Madonna vestindo imponentes botas pretas e puro músculo com clara inspiração dominatrix. Aqui, sua face brincalhona e dura.

Sempre acompanhada de uma escolta de dançarinos, tocou em seguida “The Beat Goes On”, com a presença virtual nas telas de fundo de Pharrell Williams.

Também não faltou a Madonna mais decadente: a que passeava em um lustroso conversível branco, ao lado do rapper Kanye West (que a acompanhou virtualmente).

Com “Human Nature”, Madonna exibiu o vídeo musical gravado com Britney Spears, que perde os nervos trancada em um elevador, vestida com um casaco preto.

Aquecendo

Até então, a artista aquecia o ambiente.

Com um público variado, no qual viam-se muitos chapéus de cowboy rosa, grupos de mulheres de 30 anos e sua legião de fãs gays, causou frenesi com uma referência aos anos 90 com “Vogue”, precedida pelo “tique-taque” que encerra “4 Minutes”.

Um remix de “Die Another Day”, com imagens de uma Madonna atleta, boxeadora, deram passagem, então, à segunda parte do espetáculo. Com “Old School”, o nome deste ato, mais surpresas pela frente.

Ela colocou seus dançarinos para pular e se apresentou ao ritmo do clássico “Into The Groove” com movimentos de “pole dancing” (dança do poste).

Aí sim, com nova mudança de imagem e emoldurada em “cartoons” em movimento. Neste momento, a diva falou com o público: “Vocês têm algo a dizer? Preciso do seu apoio. Estão prontos?”.

Em seguida, músicas como “Heartbeat” e “Borderline”, nas quais dedilhou acordes com uma guitarra de um vermelho intenso e vestindo um short minúsculo, como aqueles usados no colégio.

Ela também interpretou outro novo single, “She’s Not Me”, o qual dançou com movimentos quase contorcionistas em frente a uma série de fotografias suas de há uma década. Fechou com um single bastante conhecido: “Music”.

A Madonna cigana se deixou ver na terceira parte do espetáculo, na qual a diva mostrou seu lado mais eclético.

Após uma melódica interpretação de “Devil Wouldn’t Recognize You”, a Madonna hispânica cantou “Spanish Lesson” vestindo seus dançarinos de monges. Tudo para não decepcionar os milhares de fãs.

A diva exibiu sua faceta mais nômade com “Miles Away”, homenageando a vida dos ciganos e percorrendo em imagens a geografia mundial, passando por Índia, Madri, Moscou…

Quadrilha

Ela transformou o palco em uma quadrilha com “La Isla Bonita”, ajudada por três músicos romenos. No entanto, desta vez foi uma versão muito mais “gipsy” do famoso tema, com violinos, guitarra espanhola e toques balcânicos na qual também chegou a falar um “ándele” mexicano ao ritmo de palmas.

Este foi o aspecto mais folclórico do show, que concluiu com uma Madonna mais mole e vulnerável, a que buscou sua faceta mais calma cercada de velas com “You Must Love Me”.

Se alguém se atrevesse a insinuar que a “rainha do pop” não inova, a reta final do concerto variou de temática, dando passagem a um forte sabor futurista e marcada influência japonesa. Sempre, claro, perante a aprovação de seus fiéis.

Claro, nem vestígio da Madonna com prazo de validade vencido como afirmam as más-línguas, as quais criticam a cantora que potencia com insistência seu lado mais sexy “pela sua idade”.

Não faltaram, claro, as imagens recorrentes da americana, com as quais se empenha em conscientizar o planeta com trechos de países em conflito, de meninos-soldado, de políticos. Seu lado mais ativista, que terminou com a imagem do candidato democrata às eleições americanas: Barack Obama.

No Millennium Stadium, retumbou pela enésima vez o repetitivo “tique-taque” de “4 Minutes”, música que canta com Justin Timberlake – hoje só acompanhando pelas imagens de um vídeo.

Com ele, Madonna deu o toque final do show, sem esquecer de cantar “Like a Prayer” e “Ray Of Light”, onde esteve mais comunicativa.

A versão rock da techno “Hung Up” (do álbum anterior, “Confessions On a Dance Floor”) e a boate na qual a artista transformou o palco, para dar rédea solta a “Give It 2 Me”, encerraram o show.

Um enorme “Game Over” encerrou a apresentação destas mil Madonnas. E que venha o show no Brasil.


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Madonna aparece multifacetada no pontapé inicial da turnê mundial

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