No alto dos seus 20 anos, Biel é um fenômeno com milhões de seguidores em suas redes sociais, típico de um autêntico popstar do século 21. A popularidade, no entanto, tem um peso. “Estou influenciando muita gente, a responsabilidade aumenta. Mas o pé está no chão, a família está junto e acho que isso tudo mantém a cabeça no lugar, deixa você focado, centralizado. Eu só tenho 20 anos e já sustento minha família, cara. É uma responsabilidade muito grande, é minha família”, diz o músico de Lorena, interior de São Paulo, em entrevista exclusiva ao Virgula.
Comparado a Justin Bieber, ele mostra humildade e admiração pelo astro canadense. “Eu sou fã. Vamos trabalhar para que um dia ele possa conhecer meu trabalho e quem sabe, se inspirar”, afirma. “Vamos trabalhar pra ele ser chamado de Biel canadense”, brinca.
Em seguida, ele aponta uma semelhança. “É uma coisa que sempre vai estar presente. A gente está amadurecendo, é claro que em proporções totalmente diferentes. Ele em nível mundial e eu nacional. Hoje me perguntaram se eu me senti feliz por ter o ultrapassado no lançamento do meu álbum, que ficou em terceiro lugar e Purpose estava em oitavo, nono. Cara, isso não quer dizer nada. Biel é mais que Justin Bieber por isso? Eu estou no meu país, não fiz mais que minha obrigação. Tinha que ter pego primeiro e não terceiro”, dispara.
O rapaz simpaticão comemora também o fato de que muitos já não se prendem à comparação com Biebs. “Foi uma coisa que surgiu no comecinho da carreira, a galera falava muito sobre isso. Eu era apresentado em programa de TV: ‘Vocês vão conhecer agora Biel, o fenômeno do funk, o Justin Bieber brasileiro’. Hoje não é mais assim, a galera me conhece, tenho três músicas em rádios, em TVs, fora as que eu trabalhei antes de ter contrato com gravadora, mais internet. Hoje a galera com certeza já conhece o Biel, aqui no Brasil, lógico. Nem todo mundo, mas grande parte, já conhece o trabalho pelo trabalho dele”, afirma.
Esta semana, Biel lançou seu primeiro álbum, Juntos Vamos Além, com músicas produzidas por hitmakers como Umberto Martins, Mãozinha, Rick Bonadio, DJ Batata e Sergio Santos. Com 15 faixas na versão digital, o disco reúne faixas como Química, Boquinha, Pimenta, Tô Tirando Onda, Demorô e um dueto com Ludmilla, em Melhor Assim.
Surgido como MC de funk, o ídolo explica sua migração de estilo para algo mais abrangente. “O pop me deu essa liberdade, meu disco tem reggae, hip hop, funk. Está bem eclético. Essa liberdade que o pop dá é bem interessante, dá pra gente expandir os horizontes e conquistar um público que a gente não tinha e não teria fazendo uma vertente musical só, fazendo só funk”, diz.
Em seguida, Biel explica melhor seu estilo: “Quando eu cantava só funk eu tinha um público que aderia ao meu movimento, mas falava: ‘Odeio funk, mas amo MC Biel’. Eu falei, caraca, como assim. Ela força pra gostar da minha música, mas ela gosta de mim como pessoa. Não sei, do físico, do meu estereótipo, não sei, gosta, o importante é gostar. A arma que você usa pra conquistar a pessoa não interessa. Isso me fez pensar. Eu fui ver o que essa pessoa gosta, Justin Bieber, One Direction, Demi Lovato. Eu pensei, eu vou fazer isso. Se ela gosta de mim, mas não do funk, eu vou expandir o horizonte, trazer ela pra perto de mim e contagiar todas as pessoas que não identificam com o funk”, afirma.
Filho de um DJ, que comanda bailes temáticos dos anos 1980, Biel conta que a profissão o ajudou a escolher o caminho da música. “Fui influenciado não pelo estilo musical que ele tocava, mas pela noite em si. Quantas vezes ele foi tocar, fazer baile, organizar festa e eu fiquei dormindo no carro porque não tinha ninguém pra ficar comigo em casa. Acordava no meio da madrugada e ia encher o saco dele. Pai, pelo amor de Deus, acordei, tô com medo no escuro, aqui no estacionamento, eu dormindo no carro. Isso aconteceu muitas vezes. Eu via aquilo tudo como uma coisa que eu queria pra mim. Meu pai, né, cara? No centro das atenções porque na cidade ele era todo todo. Acho que isso influenciou bastante na minha decisão do que ia querer pra minha vida”, lembra.
Na conversa, no escritório da sua gravadora, a Warner, em São Paulo, ele comentou também sobre a repercussão da sua fala de que seu namoro com Flávia Pavanelli foi “um fracasso”. “Não me arrependi, não, porque eu nunca me arrependo do que eu faço. Eu não sou um cara de pedir desculpa”, afirmou. “Quando você erra, você aprende, é aprendizado, e aprendizado é positivo. Não tem que pedir desculpa, não tem que se arrepender. Foi uma vez só, foi um susto, machucou o que tinha que machucar, acabou e cada um seguiu seu caminho que a gente viu que não ia dar mais certo, infelizmente”, diz.
Ícone da geração que venera os “digital influencers”, Biel sabe que sua imagem e palavras são armas poderosa. “Nessa vida que eu levo, tudo que eu falo pode virar lei para algumas pessoas. Então se eu começar a postar umas coisas nada a ver… é complicado. É uma responsabilidade muito grande, são 6 milhões de pessoas no Instagram, 5 milhões no Facebook, são 500 mil views em cada vídeo no Snap, então tem que tomar cuidado”, avisa.
Entre um Snap e outro, nasce uma estrela.