Nascido do underground paulistano em 2001, o NX Zero já tinha dado um exemplo de onde poderia chegar ao lançar o disco independente Diálogo, em 2004: atingiu a marca de seis mil cópias vendias e chegou ao topo da parada da MTV com o clipe Apenas um Olhar.
O sucesso chamou atenção de uma gravadora que resolveu apostar no talento dos garotos. O resultado é o disco NX Zero (Arsenal), um sonho concretizado de Di Ferrero (vocais), Gee Rocha (guitarra e vocais), Dani Weksler (bateria), Fi Ricardo (guitarra) e Caco Grandino (baixo). A música de trabalho, Além de Mim, seguiu o sucesso do disco independente e já é uma das mais tocadas nas rádios, sem contar o clipe, um dos mais votados na emissora musical.
E foi a produção de Além de Mim que deu a dimensão para o grupo de que agora, nada mais é brincadeira. “Foi uma megaprodução mesmo. Quando chegamos para gravar vimos tanta coisa que perguntamos ‘quem vem aí'”, brinca o vocalista Di Ferrero em entrevista ao Virgula-Música. “A equipe deu uma estrutura legal, liberdade para pensar e fazer um clipe que há muito tempo nós queríamos fazer”, completa ele.
Além de Mim é na opinião de Di uma música que sintetiza bem o disco e um bom cartão de visitas para quem ainda não conhece o som do NX Zero. “Ela dá uma boa idéia do que é o disco, tem energia e um pouco de todas as outras músicas.
Das 14 faixas, o grupo optou por regravar seis músicas de Diálogo, que foram Apenas um Olhar, Tarde Demais, Uma Chance, Mentiras e Fracassos, Ilusão e Um outro Caminho. Mostrando que a relação com as bandas do mesmo gênero é boa, o álbum traz também uma música de Rodrigo Koala, do Hateen, chamada Um Pouco Mais. Algumas sofreram mudanças, como Tarde Demais. “Achamos bom colocar uma música com cara de balada no disco, e já que era para regravar, optamos por fazer diferente”, explica Di.
A produção ficou a cargo de Ricardo Castanho e Rick Bonadio, renomado produtor. Para Di, o trabalho com Bonadio foi um presente para a banda. Ele nos deu vários toques, trouxe sua experiência com outras bandas, tanto musicalmente quanto psicologicamente, nos preparando para o que iríamos enfrentar, comenta o vocalista.
O assédio das fãs ainda surpreende os garotos. Tem uma menina do fã clube que fez uma tatuagem com o nome da banda no braço, ou seja, essa entra de graça em todos os shows, conta Di, que lembra ainda de uma fã paulistana que eles já encontraram em um show no Nordeste. Isso é que é gostar.
Quanto ao rótulo de banda emo, Di mostra restrições. Não passa de um movimento com o punk, por exemplo. Só é diferente porque ficou com um rótulo meio banal. Não nos enquadramos nesse estilo, mas respeitamos que vai ao show e curte esse lance, diz ele.
Hoje, com um disco bem sucedido na mão e shows lotados, é impossível pensar que a banda pensou em desistir. Sempre quisemos viver de música e às vezes percebíamos que no independente isso seria difícil de acontecer. Ficamos sem dormir, sem comer, passamos por algumas dificuldades, diz Di, que lembra com detalhes de um show feito no Hangar 110, a casa de todos os roqueiros, em setembro do ano passado, quando a banda largou trabalho, escola para se dedicar à música. Pode-se dizer que foi um momento decisivo.
Agora, é aproveitar os shows, o disco e continuar na estrada. E Di deixa um recado em nome do grupo: Espero que todos ouçam o disco inteiro, pois tem uma idéia bem legal. Nós quisemos fazer algo novo e original, modéstia à parte. Espero que tenhamos conseguido.