A Comunidade Samba da Vela completa 8 anos e, para comemorar o aniversário, os fundadores Magnu Sousa, Maurílio de Oliveira, Paqüera e Chapinha irão se apresentar no próximo dia 18 de julho, a partir das 21h, no Sesc Pompéia, juntamente com outros compositores para mostrar o trabalho da comunidade.

“O repertório já foi escolhido, iremos tocar músicas como ‘Comunidade Chora’, ‘Acendeu a Vela’ e ‘Semba de Amuila’”, conta Magnu ao Virgula Música. Por terem dois integrantes do Quinteto Branco e Preto, os irmãos Magnu e Maurílio, “é possível que entrem músicas do Quinteto também”, completa.

Surgida da necessidade de mostrar obras de compositores de samba esquecidas na gaveta, a proposta do Samba da Vela é justamente resgatar essas composições e trazê-las ao coletivo. “O compositor tem um monte de samba, mas eles ficam esquecidos por não ter um espaço onde apresentá-los”, comenta Magnu.

A Comunidade Samba da Vela é um espaço aberto às pessoas comuns que queiram apresentar seu trabalho autoral. Mas, para isso, antes é preciso freqüentar a roda há algum tempo.

“Tem compositores que estão tentando mostrar sua obra há um ano. Assim como tem pessoas que chegam e apresentam no mesmo dia. Depende do talento. Existe pessoas que precisam passar por um aprendizado, o que requer mais tempo. É como qualquer mercado de trabalho”, diz Magnu.

As composições da Comunidade são feitas em conjunto. “Cada compositor tem o seu parceiro. Eu tenho uma parte do samba, não terminado, e passo para o Maurício que acrescenta alguma coisa e assim por diante. Há também composições que fiz inteiramente sozinho”, explica Magnu.

“Somos uma comunidade, temos sambas em comum dentre os quatro fundadores, fora os cinqüenta compositores que participam da roda do Samba da Vela”, acrescenta.

Durante esses oito anos, mais de 100 compositores já apresentaram seu trabalho na roda da Comunidade. “Muitos começaram a carreira no Samba da Vela e seguiram adiante. São tantos que não teria como enumerar todos, ao mesmo tempo citar um ou outro seria injusto com os demais”, conta Magnu.

Todas as segundas-feiras, às 20h30, uma vela é acesa na Casa da Cultura de Santo Amaro, onde mais de 300 pessoas acompanham este ritual que tem começo e fim determinado pela vela acesa. A função da vela é meramente cronológica: quando ela se apaga, é hora de irem embora. “Senão ficaríamos até as 3 da manhã fazendo saideiras”, comenta Magnu.

Em relação ao local onde é realizado o encontro: “Foi um convite do coordenador da Casa de Cultura de Santo Amaro, Adelino Ozores, que nos chamou para participar do projeto Mercado Cultural, em 2001”, conta Magnu. “Antes disso, o Samba da Vela era realizado em outro espaço cultural de Santo Amaro, chamado Ziriguidum.”

Ao contrário da chamada melodia moderna, utilizada por grupos de pagode romântico, as músicas do Samba da Vela seguem a linhagem dos sambas de raiz. Com o uso do surdo, cavaquinho, pandeiro e tamborim, as composições abordam temas como amor, política, educação, cidadania e, até mesmo, desigualdade social e violência.

A comunidade conta também ninguém menos que a sambista Beth Carvalho como madrinha do Samba da Vela. “É uma responsabilidade para nós. Temos mais um motivo para uma cobrança maior em relação às apresentações”, comenta Magnu.

Uma vez por mês, com a chama da vela rosa acesa, é a vez de os compositores apresentarem apenas sambas inéditos ao público. Passadas quatro semanas, é a vez da vela azul roubar a cena, o que indica que serão apresentados sambas do mês anterior, assim, a comunidade aprende a cantá-los.

Os melhores sambas são escolhidos para integrar o caderno de composições do Samba da Vela, que é distribuído aos freqüentadores da casa, sob a chama da vela branca, onde cada compositor pode defender seu samba diante de todos.

Para encerrar a roda, é servida uma sopa a todos que prestigiaram o ritual. A entrada é gratuita e quem quiser, pode contribuir voluntariamente com a Comunidade.

Roda de Samba da Vela
Quando: toda segunda-feira, a partir das 20h30
Onde: Casa da Cultura de Santo Amaro (Praça Francisco Ferreira Lopes, 434)
Quanto: grátis


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Comunidade Samba da Vela comemora 8 anos com show no Sesc

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