Ben Harper realmente merece o título dado pela revista People de ‘o cara mais cool da música’. Ao menos, essa foi a impressão deixada pelo californiano na entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira em São Paulo.
Antes de dar atenção aos jornalistas, uma paradinha no hall do hotel onde está hospedado para trocar uma palavrinha com Donavon Frankenreiter, amigo pessoal que irá abrir seus shows no Brasil. “Tocar com Donavan é sempre muito bom. Ele é um ótimo músico, meu amigo há mais de uma década”, diz Ben Harper.
O cantor retorna ao Brasil para fazer os últimos da turnê de seu mais recente disco, o duplo Both Sides of the Gun, que traz desde “músicas para tocar em casamentos”, como Happily Ever After in Your Eyes, a outras com tom mais político, como Black Rain, sobre o furacão Katrina. “Estava aterrorizado, triste e desesperado para usar minha voz”, disse Ben sobre seu estado ao compor a canção.
E se você acha que Both Sides… é o disco mais conceitual de Harper, espere para ouvir o próximo, previsto para sair até o final do ano segundo ele. “Eu e minha banda nos forçamos a fazer algo juntos que jamais faríamos sozinhos”. Mais sobre o novo disco ele não diz. Já sobre projetos futuros, um vai sair do papel: ele vai se juntar a Eddie Vedder (Pearl Jam) para uma série de shows com covers do Queen.
Ben Haper, dez anos depois: melhor ou pior?
Essa pergunta nem o próprio Ben sabe responder. “Sou péssimo em auto-análise e ótimo em terapia. Prefiro que as pessoas ouçam e julguem elas mesmas o meu trabalho”, disse brincando.
Ele tentou em poucas palavras definir o músico que veio ao Free Jazz há quase 10 anos e o de hoje. “Não tenho certeza de quem era nem de quem sou agora, mas hoje, me sinto mais inspirado e motivado”.
Política e arte
Better Way é outra música com um tom mais crítico do novo disco de Harper. Questionado sobre a política dos EUA, ele tentou despistar provocando risos. “Se quiser que eu responda esse tipo de pergunta tem que me pagar”.
Segundos depois, decidiu responder. “Me chamem de idiota, mas acredito que a arte pode mudar o mundo. As pessoas querem sentar em seus computadores e fazer o download da mudança. Não funciona assim. Temos que nos empenhar senão o governo e as grandes corporações vão destruir a natureza e a nossa cultura. O que você acha que vai acontecer primeiro?”. Alguém arrisca?