Quase dez anos depois de sua primeira apresentação no Brasil, Ben Harper lavou a alma dos paulistanos na noite desta segunda-feira, com pouco mais de duas horas de reflexões, canções de amor, frases políticas e claro, rock’n’roll.
Já passava das onze da noite quando, debaixo de gritos, Ben Harper subiu ao palco do Via Funchal acompanhado de sua banda, Innocent Criminals. E que banda. Juan Nelson, o baixista, foi aplaudido inúmeras vezes ora pelos solos no baixo, ora pela voz poderosa.
No repertório, músicas do último disco Both Sides of the Gun e muitas do álbum ao vivo Live From Mars, inclusive o cover de Marvin Gaye, Sexual Healing, gravada em 1983 e cantada em coro por uma platéia de 20 e poucos anos.
Ground on Down abriu o show que passou por todos os estágios – da política Black Rain, sobre a tragédia do furacão Katrina, às românticas Walk Away e Another Lonely Day, ou as mais lights Burn one Down e Steal My Kisses.
Muitas músicas ficaram de fora, mas quando se trata de um artista com um repertório tão vasto como Ben Harper, isso já é esperado. Depois de uma big jam session – aliás, comum entre os intervalos das músicas – Ben encerrou o show com Diamonds on the Inside, com a participação especial de Donavon Frankenreiter, na voz e na guitarra.
Mas, o melhor momento da noite foi a performance de With My Own Two Hands. Ben, sempre muito concentrado, deixou a seriedade de lado ao chamar o público para uma verdadeira revolução. “You can change the world / with your own two hands“, cantava ele dividindo a voz com a platéia.
Correndo de um canto do palco para o outro, ele fez todos entenderem uma frase dita por ele na coletiva de imprensa. “Me chamem de idiota, mas eu acho que a música pode mudar o mundo”. E pela cara das pessoas ao final do show, será difícil encontrar alguém que saiu do Via Funchal sem essa sensação na madrugada desta segunda-feira.
