O sucessor de Psicodeliaamorsexo&distorção (2006), do Detonautas Rock Clube, já está nas prateleiras desde o dia 7 de abril.

O Retorno de Saturno marca o amadurecimento da banda, que sofreu com a perda do guitarrista Rodrigo Netto, morto em uma tentativa de assalto, em 2006.

Em entrevista, o baterista Fábio Brasil conversou com o Virgula Música sobre a sonoridade do novo disco e como a tragédia com o companheiro de banda influenciou o novo trabalho. Confira!

Vocês ficaram conhecidos com Em Outro Lugar” e Quando o Sol Se For, em 2002. O que você acha que mudou do primeiro disco para O retorno de Saturno?
Fábio:A galera não tem mais 20, 25 anos, já alcançamos os 30,35,39. Antes de qualquer coisa, cultivamos uma nova maneira de abordar música, de senti-la. Não falamos mais as mesmas coisas que falávamos aos 20 anos.

Sabíamos que esse disco iria surgir um dia, mas os acontecimentos dos últimos dois anos serviram para antecipá-lo. O disco veio naturalmente.

Esse disco está mais melódico e as letras mais elaboradas. Você concorda com a comparação que têm feito desse novo disco soar como a obra de Renato Russo?
Fábio: Nós ficamos lisonjeados com a comparação, afinal a Legião [Urbana] é da nossa geração. Escutamos essa galera desde que começamos a ouvir música. Eles falavam a língua que entediamos, então cresci com isso martelando. Imagino que pelo fato de ter sido uma grande influência nossa possa soar parecido, mas não tivemos a intenção de soar como ninguém.

Como a perda do guitarrista Rodrigo Netto influenciou o amadurecimento da banda?
Fábio: Quando tudo aconteceu, estávamos vivendo um momento feliz. Tínhamos acabado de lançar o terceiro disco, ainda estávamos com aquela adrenalina. Com a morte do Netto, sentimos como se nossas pernas tivessem sido cortadas. Criou-se um espaço em cada um, até para entender o porquê de ser músico, ter uma banda e o que cada um realmente queria da vida.

Tudo que veio depois, as composições, estão carregadas de honestidade, deixamos que o tempo falasse dentro da gente. As músicas [do novo disco] apareceram dessa forma, não interferimos em nada.

Nesse disco há mais letras politizadas, críticas em relação à realidade, como Eu Vou Vomitar em Você. Isso foi algo que surgiu nesse disco ou já era uma tendência da banda?
Fábio: Essa música é mais uma brincadeira… Seria o momento ardido do disco. Mas é aquilo que eu disse, nós tivemos o nosso trabalho praticamente interrompido, nunca passamos por uma situação dessas e dessa forma.

Desde as primeiras músicas, o disco soou muito honesto, ele veio e nós apenas o colocamos em prática, respeitando o sentimento, não desconstruindo nada.

A música Ensaio Sobre a Cegueira tem alguma coisa a ver com o livro homônimo de José Saramago?
Fábio: Olha, quem pode te dizer isso é o Tico [Santa Cruz] que escreveu a letra.

Ela tem um formato diferente, soa mais soturna, até pelo fato de ter quase oito minutos de duração e a recitação da poesia. O que vocês pretenderam transmitir com ela, qual a mensagem?
Fábio: Mais uma vez, deixamos a música acontecer. Há algo de reflexivo. A maneira da voz e a melodia soam como se faltasse uma energia vital nela. Não vem do coração, mas da morbidez que se carrega depois que se perde alguém muito importante e se reúne força para viver.

Quais faixas você aposta que vão virar hits, tocar em rádios, esse tipo de coisa?
Fábio: Quem pode dizer isso é a gravadora, ela que ela que decide quais músicas irão tocar nas rádios. Nós produzimos o disco e lançamos. Após isso, perdemos um pouco o controle.

Vocês já têm shows agendados para divulgação de Retorno de Saturno?
Fábio: Estamos montando a agenda agora. Provavelmente, os shows acontecerão em maio, não sei dizer exatamente a data de lançamento da turnê. Estamos preparando algo simples, sem expectativas, para que soe natural. Acho que quem ouve acaba sentindo isso.


int(1)

Baterista do Detonautas fala sobre seu quarto CD 'O Retorno de Saturno'