André Jung está aproveitando bem a parada inesperada e por tempo indeterminado do IRA!, sua banda há 25 anos. Com mais tempo, ele aproveitou para lançar o projeto Urban Totem, um projeto que é em parte solo em parte feito em equipe.
A idéia partiu do baterista. Durante a turnê do disco Acústico MTV do IRA, que durou três anos, Jung contou ao Virgula que começou a prestar mais atenção nos músicos que acompanhavam a banda e viu que eles poderiam render bem mais do que apenas como músicos de apoio.
Daí passei a pensar num trabalho que conseguisse aproveitar esses músicos. Lino tem uma voz que merece ser bem aproveitada, as pessoas se referem a ele mais como rapper e minha idéia era justamente acabar com essa história de MC Lino, diz Jung referindo-se ao cantor Lino Crizz.
O encontro com Lino e outros músicos – Adriano Grineberg (baixo/teclado), Michele Abu (percussão/bateria), Jonas Moncaio (violoncelo), além do próprio Jung (bateria/percussão) veio também atender a um antigo desejo do baterista.
Queria aproveitar mais os instrumentos. Isso tem a ver com um lado pessoal meu. Gosto desse lado rítmico que um trabalho desses nos permite explorar, coisa que no rock acaba ficando meio limitado. Ele (o rock) tem um parâmetro, e eu queria dar espaço para a invenção, diz Jung.
O novo trabalho permite que André passeia por diversos gêneros como jazz, mpb, soul, mas, ele acaba mesmo é na seção de lounge music.
Apesar de contar com um grupo de músicos, a montagem do disco foi um trabalho solo. Dirigi o que se pode chamar de sessões de gravação individual e depois fui unindo elementos do piano e sons inspirados na música oriental com o quê os músicos iam gravando em estúdio”.
“Eles vinham com o instrumento e eu explicava qual seria o conceito daquela sessão, criava o clima que eu já tinha em mente para o som, conta Jung, que tem no currículo a produção de discos do próprio IRA! e do clássico álbum do rap nacional da dupla Thaíde e DJ Hum.
Quanto ao que os fãs, acostumados com mais de duas décadas de rock, vão pensar desse novo trabalho, André está bem tranqüilo.
Não é uma das minhas preocupações, esse projeto é uma coisa mais madura, diferente mesmo. Apesar de não ter a adrenalina do rock, ele não deve desagradar os mais jovens porque traz outras ousadias estéticas, que dá um barato agradável, brinca o baterista. Já quanto ao futuro do IRA!, isso nem ele sabe.
