O trance psicodélico é o estilo de música eletrônica mais popular no Brasil. Diversos festivais e festas reunindo adeptos do gênero acontecem durante o ano em quase todas as metrópoles do país, a maioria em locais afastados e próximos da natureza, com nomes de peso no comando como GMS, Infected Mushroom, que tocou na virada do ano em Ipanema, Skazi, Eskimo, Talamasca, DJs como Rica Amaral, entre outros.

Mas, afinal de contas, a psicodelia do trance está mais para os moderinhos de plantão (ou undergrounds) ou tem cara de um clima mais ‘paz e amor’, se é que você compreende? Pode-se dizer que os hypes bebem muito na fonte dos hippies tanto no quesito musical, adepto de novas experiência, quanto no visual e comportamento.

Na pista, os moderninhos vestem mantras indianos, painéis psicodélicos e roupas neo-hippies com acessórios fluorescente. Além do estilo, os hippies aparecem como inspiração para o ‘clima’ criado nas pistas. As pessoas dançam sozinhas, sem individualismo, mas preservando a liberdade.

A outra semelhança, não tão feliz, das tribos que curtem o trance é o uso de drogas. A lista é grande: passa pela maconha, lança-perfume, até chegar às mais pesadas como o ecstasy e o ácido. Isso explica bem porque a maioria usa óculos escuros nas festas, disfarçando a fotofobia e as pupilas dilatadas pelo uso de drogas. Quem usa, garante que a euforia da droga somada à da música, com batidas aceleradas e hipnoticamente repetitivas, deixa a balada muito mais animada.

“Pra entrar na onda e curtir um barato mais legal é preciso um outro incentivo que não a música. A batida provoca uma transe em quem está lá curtindo, mas das vezes que fui sem usar nada, parece que a música não surtia efeito”, diz a estudante de Publicidade L.P., de 19 anos, frequentadora de baladas trance em São Paulo.

Mas, há quem ache que usar ou não drogas, não faz a mínima diferença. “O contato com a natureza é justamente por isso, pra mostrar que podemos nos conectar às outras pessoas e entrar em transe através da dança, da música, sem usar mais nada”, diz a Psicóloga Ana Paula, de 26 anos, que acredita que as batidas, as cores, luzes e movimentos das festas bastam para uma transe perfeita, “e saudável”, completa ela.

Fora a questão das drogas, a harmonia criada nas festas trance é outro ponto em comum entre os moderninhos e hippies. O clima paz e amor é requisito básico para se atingir diferentes níveis de consciência durante as festas, ou em outras palavras, liberar a mente.

“As festas não se baseiam apenas na música. Elas incorporam também elementos locais e ancestrais. Há um cuidado especial com a decoração, relembrando divindades egípcias, pré-hispânicas, hindus, psicodélicas e cósmicas”, diz Fábio Curi, produtor de festas no interior do Estado. “Quem não frequenta não sabe que nas festas convivemos com pessoas diferentes, de tribos e gostos diferentes. Além de diversão, também é uma forma de aprender a respeitar os limites do outro”, completa ele. Então, hype ou hippie, o importante é cair na pista e curtir a noite.


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Afinal, na eletrônica, o psy-trance é hype ou hippie?

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