Marjorie Estiano
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Marjorie Estiano é mais conhecida por suas atuações em novelas da TV Globo, mas desde criança a curitibana de 32 anos já se perguntava se o seu caminho profissional estaria ligado à música ou à atuação em teatro, TV e cinema. Algumas décadas depois, ela parece traquila em responder à questão com um sim duplo.
“Se eu for lembrar lá nos meus primórdios, eu comecei cantando que era o que eu podia fazer em casa. Era o que eu fazia, meus pais saíam para trabalhar e eu ficava dias inteiro em casa sozinha cantando. E era o que eu passava fazendo dia após dia. Aí, fui estudar teatro com 15 anos. Sempre fui fazendo as duas coisas paralelamente, mas acho que a música talvez tenha tido um início mais claro, mas eu ne profissionalizei primeiro como atriz e depois como cantora”, revela.
“Eu não consigo separar uma coisa da outra. A relação entre elas vai por um viés muito similar, tanto na interpretação quanto de uma consciência corporal de você estar no palco”, afirma ela, que está lançando seu terceiro álbum, Oito. “Você põe parte de você em um texto, seja ele o discurso que você está falando das suas próprias composições seja ele o texto de numa peça, de um filme, de uma novela”, afirma. “Nesse sentido eles se fortalecem. Eles são permeados pelas mesmas coisas”, completa.
Com produção de André Aquino, das 11 faixas, 8 são autorais. Completam o repertório, Tahí, de Joubert de Carvalho, música eternizada por Carmem Miranda e Luz do Sol, de Caetano Veloso, com participação de Gilberto Gil. A outra participação é de Martinália, em A Não Ser o Perdão.
Sobre Gil, a estrela global não se contém. “Era um sonho, imagina, um homem que não para nunca, está fazendo zilhões de projeto. Eu sugeri, entrei em contato e esse cara é uma pessoa tão generosa, tão acessível, que você fica apaixonada, arrebatada na mesma hora. E supercomprometido, ele disse que queria estudar a música e depois retornava após o Carnaval. Isso foi no ano passado e aí retornou com a notícia de que poderia participar e foi maravilhoso”, conta.
Marjorie afirma também, que apesar de este ser seu terceiro disco, ele tem algo inédito para a vida musical dela. “Nos dois discos anteriores, eu sou um elemento que compõe esse projeto. E esse é um disco que surge a partir de mim, é uma outra perpectiva. A diferença está exatamente nesse elemento, na origem dele”, argumenta. “O meu processo para desenvolver esse repertório foi buscar uma escuta interna e através dele ir dando nome para os sons, para as coisas, para os discursos, juntar elementos e transformar aquilo em uma composição”, completa.
Ela afirma também que sente necessidade de se expressar musicalmente. “Na verdade as composições surgiram dessa necessidade. É um veículo para poder internalizar essa musicalidade que ela existe em mim, que existe em mim e eu tenho necessidade de externar. É algo que não se justifica, não se racionaliza, ela existe, ela é”, dá a letra.
A atriz que ficou conhecida em Malhação e fez papéis em novelas como Duas Caras, A Vida da Gente, Lado a Lado, Páginas da Vida, Caminho das Índias e Império, diz sem bem resolvida em relação ao público que vai ao show para ver a atriz. “Eu me sinto muito livre para experimentar, tanto em uma quanto em outra. Eu acho que uma das coisas que mais me guiam nas escolhas que eu faço é fazer o que eu não fiz ainda. Por exemplo, na escolha de um personagem ou do que eu gostaria de viver depois do último, é aquele que eu ainda não fiz”, afirma.
Marjorie, no entanto, sabe que o terreno pode ser espinhoso, mas prefere ver o lado florido do jardim. “Me traz vantagens e desvantagens. Ao mesmo tempo em que eu tenho de atender as expectativas, é bom que elas existam. Pode ser que eu preencha, pode ser que eu não preencha. Mas eu prefiro me focar na vantagem que é o interessse. Ter essa exposição, acaba gerando o interesse pela minha figura. A partir daí, ouvidos e olhos possam se voltar para qualquer outra coisa que eu possa apresentar”, pondera.
Certamente, fama excessiva seria um “problema” com o qual a maioria dos músicos gostaria de lidar.
