Thalles Cabral, de 19 anos, fez sua estreia na televisão interpretando um dos personagens que mais sofrem em Amor à Vida. Na trama, em exibição no horário nobre da Rede Globo, ele vive o jovem Jonathan que, recentemente, precisou encarar a homossexualidade do pai (Félix, interpretado por Mateus Solano) e descobriu que na verdade é filho biológico de seu avô (César Cury, interpretado por Antonio Fagundes).
A visibilidade na televisão possibilitou ao ator aprofundar-se em outra arte que domina: a música. O gaúcho acaba de lançar seu primeiro EP, That’s What We Were Made For, trabalho que reúne sete composições em inglês que nasceram de maneira desconexa nos momentos de solidão em seu quarto. o EP está disponível para download gratuito no seu site oficial. Em um ano cheio de desafio, ele prepara-se para uma nova estreia: Thalles se apresenta como cantor pela primeira vez em SP, nesta quinta-feira (28), no palco do teatro Nair Bello.
“É um verdadeiro início: primeira vez em SP com as minhas músicas, estreia do meu EP, primeiro show da minha vida. Estou cheio de expectativas”, conta em entrevista ao Virgula Música. “O show todo foi pensado dentro de uma linha dramática, o repertório conta a história de um personagem. Começa de um jeito e termina de outro totalmente diferente”, explica.
Leia abaixo a entrevista na íntegra:
Virgula Música: Quando você descobriu a paixão pelas artes?
Thalles Cabral: Comecei a fazer teatro aos sete anos e a tocar violão aos 11. Desde pequeno, sempre gostei muito de interpretar. Fazia peças de teatro em casa, obrigava a família toda a assistir. Era preciso fazer mais de uma sessão, pois o quarto era pequeno e não cabia tanta gente. Eu até fazia ingressos de papel. E geralmente a peça durava umas 3 horas ou mais, meu avô até dormia durante a apresentação. Portanto, sempre tive essa identificação e certeza que queria ser ator. A música surgiu como um hobby e fui me interessando cada vez mais. Quando percebi que tinha facilidade em compor, não parei mais e vi que eu realmente gosto disso.
Virgula Música: Quais são suas influências na música? O que você mais gosta de ouvir quando está sozinho?
Thalles Cabral: Sou muito interessado em música e estou sempre buscando artistas novos. Tudo o que eu ouço acaba indiretamente se tornando referência pra mim. Gosto muito de Radiohead, Arctic Monkeys, Fiona Apple, Cat Power, The Doors, The Beatles, Eddie Vedder, Patrick Watson, The XX, SILVA, Marcelo Jeneci, Mallu Magalhães, Caetano Veloso e Lenine.
Virgula Música: Você faz aula de canto?
Thalles Cabral: Fiz aula de violão por um bom tempo, aprendi bastante teoria. Depois de alguns anos, parei com as aulas e comecei a buscar cifras na internet. Mais tarde comecei a compor minhas próprias canções.
Virgula Música: Como surgiu o EP? Quando você compôs as faixas já pensava em agregar tudo em apenas um trabalho?
Thalles Cabral: Escrevia e guardava em um pen-drive. Quando percebi que já tinha umas 20 prontas. Então, mostrei para os meus pais e eles gostaram bastante. Resolvemos gravar de forma bem simples: voz e violão. O produtor Othon Ribeiro teve acesso ao trabalho e me propôs montar um EP. Os arranjos são do Eduardo Malta.
Virgula Música: Está ansioso para fazer sua estreia em São Paulo?
Thalles Cabral: É um verdadeiro início: primeira vez em SP com as minhas músicas, estreia do meu EP, primeiro show da minha vida. Estou cheio de expectativas. O público pode esperar coisas surpreendentes, principalmente no show como um todo. Muita gente vai se surpreender com alguns covers que serão feitos e a forma como serão interpretados. Algumas pessoas já criaram uma imagem fixa minha como ator e nesse show faço questão de destruir essa imagem. É um novo Thalles!
Virgula Música: Qual a sua prioridade: a música ou a dramaturgia?
Thalles Cabral: Tenho mais experiência como ator, justamente por ter começado tão cedo. Mas, a música é um lado que me interessa muito e estou descobrindo ainda muitas coisas, principalmente minha identidade musical. Cada dia é uma descoberta. E é uma sensação
muito boa. Tenho uma ideia que todo cantor é ator, sabe? Quando ele está no palco cantando e interpretando uma música, o cantor é também um intérprete, um personagem. É uma outra forma de se expressar e não deixa de ser uma interpretação também. Já estou levando as duas coisas tranquilamente e pretendo continuar.
Virgula Música: Como é dividir-se entre a carreira como ator e a carreira como cantor?
Thalles Cabral: É muito prazeroso. Sempre fui de fazer muita coisa ao mesmo tempo, não gosto de ficar parado e de não estar trabalhando em algo ou criando, produzindo. Sempre tenho meus projetos e não espero ninguém bater na minha porta. Essas duas carreiras, pra mim, se completam de uma forma perfeita. E sou muito feliz e realizado fazendo essas duas coisas.
Virgula Música: Você fez sua estreia na televisão trabalhando ao lado de grandes nomes como Mateus Solano e Antônio Fagundes. É uma responsabilidade muito grande?
Thalles Cabral: No início a ideia era um pouco assustadora, pois são atores muito talentosos, de peso, que admiro muito. E, além disso, são pessoas muito queridas. Com o intenso ritmo de gravações, você acaba criando um laço com todos e isso é muito legal. Estou aprendendo muito com eles.
Virgula Música: Recentemente seu personagem descobriu que o pai é gay e, na verdade, ele é filho do avô. No lugar dele, como você reagiria?
Thalles Cabral: Difícil dizer. Acho que seria tolo da minha parte criar um discurso pra isso. Hoje em dia todo mundo acha muita coisa, opina sobre tudo, cria discurso pra tanta coisa, precisa se posicionar sobre tudo, critica, argumenta e tudo mais. Como se você precisasse ter uma opinião e resposta pra tudo. Até o momento que acontece com você, aí a coisa muda, o discurso também e a história é outra. Então eu não sei como eu reagiria. E tudo bem em não saber.
Virgula Música: O personagem de Antonio Fagundes é extremamente homofóbico e preconceituoso. De que forma você acha que a novela pode abrir a cabeça da sociedade em relação à homossexualidade?
Thalles Cabral: Acho que já está abrindo a cabeça da sociedade, simplesmente por ser um tema tabu que está sendo muito abordado nessa novela. Colocar em discussão já é um grande passo. E a novela tem esse peso ainda no Brasil, né? Essa coisa de trazer assuntos para as mesas de discussão… E acho que o Walcyr [Carrasco] está fazendo muito bem isso.
Virgula Música: Como você acha que será o fim dos personagens Félix (Mateus Solano) e Jonathan na trama? Será que o garoto não vai mesmo abandonar o ‘pai’?
Thalles Cabral: Acredito que não. O pior já passou (risos). Tanta coisa ruim já aconteceu naquela família, revelações e segredos, e se isso tudo era pra ter separado o Félix e o Jonathan, já teria acontecido. Se nem toda essa avalanche fez o Jonathan abandonar o Félix, acredito que nada mais o faça. É muito bonita a forma como o autor molda o Jonathan, é um personagem extremamente do bem, que precisou amadurecer rapidamente e que se salvou, em meio à tanta coisa ruim. Ele tinha tudo pra ser um mau caráter e ir para outro caminho, mas não. Por ser muito observador e introspectivo, ele já entendeu o pai há muito tempo e a partir de agora faz de tudo para ajudá-lo a se tornar uma pessoa melhor. E ele está recebendo o carinho do pai, coisa que ele nunca teve e sempre sonhou. Ele não considera o Félix como irmão, e sim como pai.
Virgula Música: E sua rotina? Dá tempo para relaxar?
Thalles Cabral: Quase nada. Ainda bem (risos). Na verdade, não há uma rotina, especificamente falando. Ainda mais com o ritmo de novela, cada semana é um cronograma diferente. Ora fico metade da semana no Rio, ora a semana toda, depende muito. Quando não estou gravando no Rio, estou em SP trabalhando a música.
SERVIÇO:
THALLES CABRAL
ÚNICA APRESENTAÇÃO
DIA 28/11 – 21H – TEATRO NAIR BELLO
RUA FREI CANECA, 569 – SHOP.FREI CANECA 3°PISO