Ícone da movimentada cena sound system de São Paulo, Lei Di Dai é também uma das expressões do novo feminismo. Recentemente, a cantora e compositora de 38 anos, conhecida como rainha do dancehall, integrou um time de jovens artistas mulheres ao lado de Amanda Mussi, Erica Alves, Jessie Evans e Raissa Fumagalli no projeto Pulso, da Red Bull Station.
“As mulheres estão dominando tudo e fico muito feliz de ver isso acontecer, temos excelentes produtoras musicais, cantoras, DJs e as minas que comandam os bastidores, estamos empoderando todas as áreas não só na música”, afirma ao Virgula.
Ouça Lei Di Dai
Lei Di Dai, que faz uma ponte entre a Jamaica e zona leste, apresenta-se domingo (16) no Centro Cultural da Juventude (CCJ). No show, em que ela comemora dez anos anos de carreira, a rainha estará ao lado do DJ Vinnieman e seus dançarinos. Sempre muito bem-humorada e alto astral, ela trocou uma ideia com a gente sobre cultura sound system, feminismo, a relação entre ZL e Jamaica e outros baratos.
No fim da entrevista, Lei Di Dai se revelou antenada e citou nomes quentíssimos da cena de nova música brasileira citando Marietta (Vidal), DJ Bad Sistah, Sants, Vinnieman, Cabes, VINÌ, Mafalda, Bonde do Rolê e Drumagick.
O que você pode adiantar sobre o álbum que deve lançar esse ano?
Lei Di Dai – É um álbum com sete musicas inéditas mais alguns remixes desses dez anos de carreira solo, vão ter parcerias bem bacanas, mais isso é surpresa.
Na sua opinião por que o reggae é tão popular em todo mundo?
Lei Di Dai – Porque é uma música de boas vibrações, com mensagens positivas, que despertam a vontade de dançar e ser feliz.
O que te pegou especificamente mais na cultura soundsystem?
Lei Di Dai – Sou apreciadora da música jamaicana e seus elementos. A cultura sound system me pegou pela forma simples de levar alegria e cultura para galera de todas as idades, com eventos gratuitos nas comunidades e ver todos em uma só vibração. É lindo. Em 2012, realizamos o sonho de ter o nosso sound system o Gueto pro Gueto Sistema de Som. Está sendo pura felicidade, colocar as caixas na rua e passar a mensagem, Jah bless!
Que artistas considera modelos de carreira?
Lei Di Dai – Sou muito fã e tenho o máximo repeito pelo Barrington Levy, ele é o mestre para mim, quero ficar com idade dele cantando dancehall, fazendo turnê pelo mundo e também sou fanática pela Nina Simone, Peter Tosh, Shabba Ranks, Snoop Dog, Cutty Ranks
Como foi que você se especializou no ragga/dancehall?
Lei Di Dai – Sempre ouvi dancehall desde dos anos 80 90 , porém nos anos 2000 comecei a ir no sound system do Dubversão e cantar nas bases de dancehall. Aí em 2005, assumi a cultura por completo me tornando uma cantora de dancehall ragga a revista Rolling Stone fez uma matéria comigo e a chamada era ” Lei Di Dai a Rainha do dancehall”.
Acha que existem características na sua música que mostram sua origem na zona leste?
Lei Di Dai – Sim, existem muitas. Minha primeira música que tocou na rádio foi a Original do Gueto, que conta a minha história e origem, pra mim a z/l tem muitas inspirações.
No show que você fará domingo no Centro Cultural da Juventude, na Vila Nova Cachoeirinha, comemora dez anos de carreira, quais são as principais mudanças na cultura sound system e no reggae brasileiro que percebeu neste tempo?
Lei Di Dai – Quando comecei a cantar só existia um sound system, agora tem milhares. E o reggae brasileiro ainda precisa evoluir, porque algumas bandas ainda tem um formato e linguagem bem antigos.
Veja primeiro episódio da série sobre artistas do Pulso, da Red Bull Station:
Tem percebido reflexo da questão do empoderamento feminino na música?
Lei Di Dai – As mulheres estão dominando tudo e fico muito feliz de ver isso acontecer, temos excelentes produtoras musicais, cantoras, djs e as minas que comandam os bastidores, estamos empoderando todas as áreas não só na música.
Já sofreu preconceito por ser mulher? Acha que as MCs passam por situações que passam batido pelos homens como julgamento do corpo, beleza, coisas assim?
Lei Di Dai – Nunca sofri preconceito por ser mulher fazendo música. Pelo contrário, organizei o movimento dancehall gerando festa e rendimentos a todos, acho que é muito da postura que você se coloca perante a cena musical. Sempre fui fora dos patrões pré-estabelecidos de beleza, porém nunca sofri julgamentos, porque o mais importante é ser boa fazendo música.
Que nomes da nova música brasileira mais gosta e indica?
Lei Di Dai – Na música brasileira, eu indico a cantora Marietta (Massarock), e a nova geração de beat makers e produtores como a DJ Bad Sistah, o menino prodígio dos beats Sants, Vinnieman que está produzindo bases de dancehall bem modernos, Cabes, que além de produzir é MC, o VINÌ que lançou novo EP Coringa pelo selo alemão Man Recordings, Mafalda que está fazendo musicas bem dançantes, Bonde do Rolê e o caras do Drumagick que são incríveis.
SERVIÇO
Lei Di Dai no Centro Cultural da Juventude (CCJ)
Com DJ Vinnieman e dançarinos
Domingo (16), 17h, no anfiteatro.
Avenida Deputado Emílio Carlos, 3641 – Vila Nova Cachoeirinha
Livre para todos os públicos. 90 minutos. 300 lugares. Não é necessário retirar ingresso.