“O que quer que as pessoas digam de mim, isso é o que eu não sou”. Intitular o nome de um disco com a frase anterior não é pra qualquer um, especialmente quando se trata de uma banda de novatos.

Despreocupados com a ousadia, o Arctic Monkeys roubou a cena em 2006 com o lançamento de Whatever people say that’s what I’m not, que estourou embalado pelo hit I Bet That You Look Good on the Dance Floor. Aliás, o vocalista Alex Turner declarou odiar a música, que fala das meninas que ficavam olhando ele dançar nas boates, mas quando ele se aproximava, levava um fora. “Eu odiaria ser conhecido só por essa música porque ela é ruim. A letra é estúpida”.

O disco atingiu o topo da parada do Reino Unido no 1º dia nas lojas e levou prêmios como o Mercury Awards (que rendeu a banda 20 mil libras) e Q Awards (onde também foram escolhidos pelo voto popular como melhor grupo), sem contar que em apenas um dia, Whatever people… vendeu 118.501 cópias, mais do que uma semana inteira das vendas de Kaiser Chiefs, Coldplay e Franz Ferdinand.

Mas afinal, o que esses quatro jovens de Sheffield tem?

Não parece difícil responder a pergunta acima: estilo no som, no visual e na atitude. Alex Turner, líder da trupe, está na faixa dos 20 anos e, assim como os outros integrantes, ainda traz no rosto as marcas da adolescência (ou espinhas, especificamente). Talvez por isso seja considerado o novo poeta dessa geração pelos britânicos. John Rotten e Morrisey não têm tanta proximidade com os jovens ingleses. Liam Gallagher está ficando velho e Carl Barat e Pete Doherty deixaram os Libertines desandarem e por conseqüência, fãs órfãos.

Eis que aparece Turner, com seu jeito de garoto nerd e ao mesmo tempo cool, com a guitarra na cintura cantando frustrações adolescentes, sobre namoros, e tem uma performance ao vivo que consegue superar muita banda veterana, acompanhado de seus colegas Jamie ‘Cookie’ Cook, Nick O’Malley e Matt Helders.

Fenômeno da era iPod

Os caras são um fenômeno da era iPod e MP3. Bastou criarem um perfil no MySpace.com, disponibilizarem suas músicas que em pouco tempo, os Monkeys eram conhecidos não só na Inglaterra, com nenhum disco lançado. Ao mesmo tempo, a internet não impediu que milhares de pessoas comprassem seu disco, mesmo tendo as músicas disponíveis na rede.

Whatever People Say That’s What I’m Not é o disco de rock que mais vai agitar sua festa (experimente ouvir na seqüência: The View from the Afternoon, I Bet That You Look Good on the Dancefloor, Cigarette Smoke e Dancing Shoes, ótimas para soltar os cachorros e cair na pista), sem deixar de lado os momentos para dançar colado como Riot Van e Mardy Bum. O disco prioriza o básico do rock, sem exageros, com um som seco, como as velhas bandas de garagem.

Turner tem boas sacadas, boas letras e brinca com frases de outros artistas como quando ele canta ”And he told Roxanne to put on her red light” (When the Sun Góes Down), numa referência ao The Police, por exemplo. Há outra frase que relembra o Duran Duran, mas essa você terá de descobrir no maior hit do disco.

Os garotos conquistaram fãs como Noel Gallagher – e olha que o rapaz não está acostumado a elogiar outras bandas – Jack White, Mick Jagger e David Bowie que hoje declaram sua admiração pela banda publicamente. Com tanta experiência, essas figuras não poderiam estar erradas.


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Arctic Monkeys: por que em 2006 eles roubaram a cena?

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