(Foto: divulgação) Arcade Fire

Neste ano, durante o show do Arcade Fire no festival Rock Werchter, na Bélgica, o vocalista Win Butler parou a apresentação e falou para uma plateia fria e estática: “Isso é um show de rock? Se vocês não nos entregarem os seus corações, não conseguiremos entregar-lhes os nossos“. Situação atípica para os canadenses, e que com certeza não ocorre no Brasil. Por isso que o grupo está empolgado com as apresentações da turnê Infinite Content que farão nesta sexta, 8, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e sábado, 9, na Arena Anhembi, em São Paulo.”O Brasil possui uma energia totalmente diferente da Europa”, diz o multi-instrumentista Richard Reed Parry em exclusiva ao Virgula.

“A primeira vez que tocamos no Brasil eu pensei: ‘Oh, meu Deus, não é possível. Isso é totalmente diferente do que já vi na vida“, conta Richard ao telefone, e complementa: “O brasileiro sabe se divertir. Sabe transformar um show em uma festa onde todos dançam e cantam juntos. O público é muito animado e o quanto mais alto gritam, mais ficamos empolgados. É o tipo de coisa que sentimos na pele e não dá para controlar. Será uma troca de energia“.

Falante e de voz acelerada, como se estivesse bebendo um forte café do outro lado da linha, Richard continua: “Antes do Brasil vamos tocar na Colômbia, e antes de São Paulo vamos tocar no Rio de Janeiro. Então, como o público da América do Sul grita muito e alto, o que é ótimo, provavelmente eu chegue um pouco surdo a São Paulo (risos)“. Dos shows, o músico adianta: “Não se preocupe, terá músicas de todos os álbuns“, prevendo as próximas perguntas que incluíam questões sobre a aceitação dos fãs com as músicas do álbum Everything Now, lançado em 2017.

(Foto: divulgação) Arcade Fire

Como sabemos, Everything Now não foi um sucesso de vendas. Muito pelo contrário, o álbum dividiu a opinião dos fãs e Richard é ciente disso: “Pra mim está tudo bem se as pessoas gostam ou não do novo álbum. É uma coisa que acontece no mundo da música“, diz ele com a voz mais pausada. “Esse é o tipo de coisa que não temos controle. Tudo o que podemos fazer é tentar compor boas canções. Você sabe, a cada álbum do Arcade Fire nós tentamos inserir elementos novos nas músicas. É uma coisa natural nossa e que muitas pessoas amam, assim como outras provavelmente não gostam“, reflete.

“Existem aqueles artistas que fazem sempre a mesma coisa durante a carreira toda, como Johnny Cash, por exemplo, que eu amo. E tem aqueles artistas que a cada trabalho exploram novos ritmos, espaços e atmosferas, como Bowie. Nós somos do segundo time e não conseguimos fazer sempre a mesma coisa. É uma questão de gosto“, explica ele. “Se você quer ouvir ‘Funeral’ (primeiro álbum lançado em 2004 e considerado o melhor do grupo pelos fãs) é só você colocar ele para tocar. Agora se você quer ouvir algo diferente, você coloca ‘Everything Now’. Não faz muito sentido ouvir dois discos iguais“.

Everything Now traz um Arcade Fire flertando com a disco music de sucesso nos anos 80 e possui os hits Creature Comfort, Electric Blue, Signs of Life e a canção que dá nome ao álbum. “Nós compusemos o álbum em New Orleans, EUA, então muito da atmosfera que envolve a cidade acabou influenciando as músicas“, conta Richard, que toca guitarra, baixo, bateria, teclado e acordeão. “Durante o processo ouvimos muita disco music, folk music e rock n’ roll, que são estilos muito encontrados na cidade. Acho que ao ouvir as canções do álbum elas te levam a New Orleans. É uma boa viagem até lá“, diz.

Reencontro com o mar e baile funk

Em 2005, o Arcade Fire foi uma das atrações do finado TIM Festival, ao lado de The Strokes, Kings of Leon e outras bandas emergentes na época. O grupo, com a turnê do álbum Funeral, saiu ovacionado do palco, deixando quem os conhecia e quem não os conhecia de boca aberta. Mostraram a que vieram. Além das apresentações, Richard conta que guarda aquela viagem com muito carinho na memória: “No Brasil foi a primeira vez em que eu entrei no mar de água morna, e foi muito esquisito pra mim, mas eu adorei na hora“.

Me lembro que antes do show no Rio de Janeiro fomos a uma churrascaria com o pessoal do The Strokes, e saímos ‘loucos’ de lá de tanta carne e drinks brasileiros que tomamos. Não sei como conseguimos fazer o show. Acho que foi por isso que foi insano“, brinca o canadense e conta: “Dessa vez estou indo preparado para o Brasil: pretendo surfar e também gostaria de ir a um baile funk porque eu amei quando estive em um. É muito divertido“.

SERVIÇO:

Rio de Janeiro – Arcade Fire e Bomba Estéreo

Data:8 de dezembro
Local: Fundição Progresso (Rua dos Arcos, 24 – Lapa – Rio de Janeiro – RJ)
Horário: 22h
Abertura dos portões19h
Classificação: 16 anos. Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais/responsáveis legais.
Ingressos: http://www.livepass.com.br/event/arcade-fire/

São Paulo – Arcade Fire e Bomba Estéreo

Data:9 de dezembro
Local:Arena Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana, São Paulo – SP)
Horário: 21h30
Abertura dos portões: 17h30
Classificação: 16 anos. Menores de 16 anos apenas acompanhados dos pais/responsáveis legais.
Ingressos: http://www.livepass.com.br/event/arcade-fire/


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'O brasileiro sabe se divertir', diz Arcade Fire sobre shows no Brasil

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