O Arcade Fire é daquelas bandas que se divertem tanto quanto o público em seus shows. E não foi diferente na apresentação deste sábado, em São Paulo, 9, no Anhembi. Os canadenses estavam realmente felizes; sorriram o tempo todo desacreditando na recepção do público, desceram várias vezes para tocar no meio dos fãs, levaram uma bateria de escola de samba ao palco e agradeceram cada pessoa por “ter gasto dinheiro para vê-los”.
Essa frase, dita pelo vocalista Win Butler, se deve à mudança de local do show. Inicialmente marcado para acontecer em um espaço para 25 mil pessoas, foi transferido para uma nova locação dentro do próprio Sambódromo do Anhembi com capacidade para 10 mil. Motivo: a turnê da banda, não só no Brasil, mas pelo mundo todo, tem deixado a desejar no quesito venda de ingressos. Por fim, a mudança foi positiva. Quem tinha comprado pista assistiu da arquibancada com uma visão privilegiada e quem foi de Bud Zone ficou mais perto ainda dos ídolos.
Entre uma descida e outra dos integrantes ao público, o que se viu foi uma produção de palco completa, de iluminação incrível, telões diagonais acima do grupo e simulação de luta de boxe no início da apresentação (tinha até cordas de ringue no palco). No repertório, várias músicas do álbum Everything Now, de 2017, e os hits do grupo que não poderiam faltar: Rebellion (Lies), No Cars Go, Neon Bible, The Suburbs, Ready To Start, Reflektor, Afterlife e o final apoteótico com Wake Up em que todos emanaram o famoso ‘Ôooo ôo’, como se estivessem em uma missa.
O que ninguém esperava e virou o ponto alto do show foi a participação da bateria de escola de samba Acadêmicos do Tatuapé. Os sambistas brasileiros apareceram timidamente no começo do show durante as músicas Here Comes The Night Time e Haiti. Mas, foi na última canção que retornaram ao palco e fizeram a festa acontecer. Ao terminar Wake Up, a bateria desceu no público junto dos músicos canadenses e ali no chão mesmo, sem microfones e rodeados por fãs, fizeram a ‘after party’ do show. Uma apresentação intimista de mais de 10 minutos de duração onde os integrantes do Arcade Fire viraram meros espectadores do nosso ritmo brasuca e sentiram o gostinho do Carnaval verde e amarelo.
Foi o dia que o indie gringo sambou. Que todos os indies sambaram.