Juyè

Se o rap fosse de fato um jogo, Juyè seria craque. Aos 22 anos, ela é um nome incontornável quando se fala nas ascensão das mulheres na nova música brasileira. Não apenas como cantoras, mas também instrumentistas e produtoras musicais.

Formada em canto e piano, a paraense radicada em Niterói, no Rio de Janeiro, tem investido em tornar o neosoul mais conhecido no Brasil, time em que  batem um bolão Tássia Reis, Xênia França e Patrícia Marx.

Índia futurista, Juyè nasceu na aldeia Parakaña próxima a Santarém e ficou conhecida nos vídeos de um coletivo que promove o novo rap. Agora, se prepara para entrar em campo com sua própria estratégia.

Como foi sua formação musical?
Juyè – No Conservatório de Música no Rio de Janeiro, além da formação popular, sempre em rodas de samba e ambientes que refletissem essa musicalidade que sempre me fascinou.

Em que momento da vida soube que seria cantora?
Juyè – 
Ser cantora foi um processo, eu era muito tímida. Sempre atuei desde mais nova na área da composição, mas subir num palco e me expor ou expor minha voz para muita gente, levou um bom tempo.

Você pode adiantar algo sobre seus próximos projetos?
Juyè – Estou terminando a produção de um álbum e pretendo lançar alguns singles com cantores lá de fora. Estou articulando uma viagem para realizar as gravações na Europa e, assim que possível, pretendo ir aos Estados Unidos gravar com alguns artistas que mantenho contato.

Voltando para o álbum, eu acredito que vá ser algo bem diferente do que se tem visto na cena. Tenho algumas faixas em inglês e pendi muito para o neosoul nesse projeto. Quero trazer esse ritmo com mais força para o Brasil.

Como é ser um modelo para meninas que estão surgindo em um meio machista?
Juyè – Creio que seja uma posição de muita responsabilidade. Nós mulheres, principalmente as que estão na mídia, não podem negar a influência que exercem sobre as crianças que as veem como exemplo.

Acho que só o fato de vermos mais sons femininos já é um grande passo, porém é o primeiro de muitos, para que as meninas possam enxergar a possibilidade cada vez maior de chegarem la e os meninos aprendam a respeitar o espaço das mulheres na cena.

Que artistas são modelos de carreira para você?
Juyè – Ah, acho que posso, sem dúvida alguma, citar minha dinda aqui. A Sandra (de Sá) sempre foi um grande exemplo e incentivo dentro da música para mim.

Crê que exista algo na sua música que seja específico do seu lugar de origem?
Juyè – Acho que as minhas letras, pois elas tem muito a ver com a maneira com a qual enxergo o mundo. A utilização de metáforas para ampliar os sentidos também. A vida na aldeia é uma vida completamente diferente, a comunicação é diferente, tudo parece fazer parte de um sentido mais profundo, que sempre tento carregar nas minhas letras.

Que características vê como as mais marcantes de sua geração?
Juyè – Acho que a minha geração se caracteriza pelo não-comodismo. Nós entendemos nosso papel na  sociedade como sujeitos de mudança e transformação e depois da internet começamos a nos juntar em prol de ideias, bandeiras e mudanças cada vez mais.

O que está rolando de mais novo na música brasileira hoje, na sua opinião?
Juyè – Na música brasileira tem tanta coisa rolando que acho difícil falar sobre poucos, mas acho que sons como o que o Hodari produziu (Teu Popô) tem tudo para deslanchar esse ano, o CD do Djonga esse ano, do Baco ano passado…

Tem muita coisa acontecendo, e quem não prestar atenção vai perder. Muito discurso político e a exploração de novos ritmos, acho que vão ser características marcantes da cena esse ano.

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Créditos: Caroline Lima

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'Aprendam a respeitar o espaço das mulheres na cena', diz Juyè

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