Lucas Fernandes, o akaaka. Crédito da foto: Guilherme Andriani/Divulgação

Lucas Fernandes, o akaaka, é uma das apostas da música eletrônica experimental brasileira e da chamada bass music, caldeirão onde tudo que tem o grave como base vem sendo jogado faz um tempinho. “Aqui no Brasil realmente diversos gêneros de bass estão com com tudo, e o fenômeno trap funk está levando o trap onde nem imaginávamos e ajudou muito a dissolver o preconceito com o funk, então só vejo benefícios”, afirma.

É grave, doutor? É, sim, muito. Para provar, o hypado produtor bauruense fez uma mixtape exclusiva para o Virgula com algumas várias faixas que ainda nem foram lançadas (forthcoming).

Nós também trocamos uma ideia com o Lucas, que tem 23 anos e estuda produção audiovisual, e eles nos contou que Aphex Twin é seu herói musical (nosso também, podes crer, irmão), e que anda pirando em Jersey club, Swaqqy Dolphin e todo mundo do (grupo) Swerve Squad.

Frequentemente, a eletrônica experimental é assimilada pelo pop. Neste momento, aquela música acaba sendo massificada, abrindo espaço para que algo novo surja, crê que isso esteja ocorrendo com a bass music?

akaaka – Isso realmente é um acontecimento cíclico, e a bola da vez é a bass music, mas ainda há uma diferenciação entre níveis de popularização e apesar de toda a globalidade que a internet gera, também não se pode excluir a questão geográfica. Aqui no Brasil realmente diversos gêneros de bass estão com com tudo, e o fenômeno trap funk está levando o trap onde nem imaginávamos e ajudou muito a dissolver o preconceito com o funk, então só vejo benefícios. Acho que ainda é cedo para dizer o que vem de novo, pois são muitos gêneros e diversas sonoridades que estão se fundindo sempre e permitindo aos DJs tocarem de Yung Lean a Kode9 no mesmo set passando por um MC Bin Laden. Isso é muito legal.

Que outros produtores da atualidade mais gosta e indica?

Eu ando pirando muito em Jersey club, Swaqqy Dolphin e todo mundo do Swerve Squad, galera nova, com sonoridade madura ,variada e competente.

Também sempre acompanho as seleções de sites como Stylss, que além de lançamentos dos velhos conhecidos, sempre seleciona uma galera nova interessante.

Aqui no Brasil estão borbulhando bons produtores, ando muito feliz com releases como o do Transfer, conterrâneo de label Polar Archives. É  xatamente o tipo de sonoridade brilhosa, refinada e agradável que eu busco.

Lucas Fernandes, o akaaka. Crédito da foto:  Adriano Bueno

E de todos os tempos, quem são seus heróis musicais?

Aphex Twin. Sempre foi e sempre será minha grande influência e a coisa que mais ouvi e gosto na vida. Aliás, grande parte do que saiu pela Warp me influencia bastante. Muito de house antiga também vem sendo absorvida ultimamente, mas eu estou sempre mudando o que ouço, então é meio que de fase. Agora, Aphex é algo que creio que nunca vou deixar de ouvir, ainda mais quando saem mais de 150 faixas não lançadas depois de tanto tempo sem ouvirmos falar do Richard (nota do repórter, Richard David James é o nome de Aphex Twin).

Como é seu processo de criação, geralmente começa por um beat, um sample, reprocessa outros sons, toca instrumentos?

Geralmente é sample based,. Gosto muito de usar elementos de filmes, vídeos, gravações de campo para criar uma atmosfera antes de começar a adicionar as beats, Raramente tenho instrumentos de verdade nas faixas.

Bauru influencia seu som de alguma maneira? Tanto no sentido de ser um artista isolado onde não existe uma cena e poder experimentar sem a pressão, quanto no de ter que estabelecer diálogos com artistas de outros lugares e se esforçar para romper a questão da invisibilidade, isso é um estímulo para sua criação?

Bauru, na verdade, até me gerou um outro projeto, Harshdüst, do qual esse mês sai um EP novo. Acabei conhecendo o Radchild e vimos que temos muito em comum musicalmente, então resolvemos começar esse projeto. É bem mais experimental, com o uso de sintetizadores analógicos e texturas ruidosas e lo-fi, mas o próximo EP está com bastante drum and bass, parece que saiu direto dos 90s.

Posso então dizer que não me sinto isolado, existem várias cenas na cidade e atualmente tem uma quantidade razoável de pessoas absorvendo bass music, discotecando e até produzindo.

Claro, sempre será uma cidade onde o rock foi muito forte e temos desde bandas de drone metal até noise rock, tudo bem experimental, mas a eletrônica está abrindo caminho e temos produtores de vários gêneros que estão se destacando. O maior problema, talvez, seja a falta de lugar para eles se apresentar, e assim consolidar uma cena em que o público possa frequentar todo final de semana, esteja sempre em contato com as novidades, mas estamos trabalhando para isso.

Tracklist da mixtape

Arca – Empath
Lido – Money (Crookers remix)
OT Genesis – Coco (??? remix)
Illusive – I See You Looking [Forthcoming on LKHP]
Ether Fiend – Go Ahead nad Pretend (akaaka remix) [forthcoming on LKHP)
akaaka – crackgame [forthcoming on LKHP]
DJ rashad – Ghetto Tekz
DJ Taye – New Age
Africa Hitech – Out in the Streets (VIP)
Harshdüst – Outside the (forthcoming on Fluxxx)
Polar Archives – Fisgada (akaaka remix)
akaaka – Won’t (Tom64 Remix) [forthcoming on Fluxxx]


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Aposta da bass music, Lucas Fernandes, o akaaka, faz mixtape para o Virgula

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