O volúvel mundo dos fã-clubes cria monstros que antes ou depois acabam “fagocitando”, e Lady Gaga, a “mother monster”, é sua última vítima (ou seu próprio carrasco), ao fracassar na corrida pelo vídeo mais visto após a estreia de Applause.
A ex-rainha das redes sociais apresentou na última segunda-feira (19) o clipe do single que fará parte de seu próximo álbum (ARTPOP), tão extravagante como sempre, com a cabeça da diva em um corpo de cisne negro, mas a criatividade de Haus of Gaga e o empenho de seus fãs em bater o recorde não foram suficientes.
A mulher que vendeu um milhão de cópias do álbum Born this Way, apenas na semana de seu lançamento, alcançou quase sete milhões de visualizações, número muito inferior ao recorde.
Só nesse verão, o “vídeo mais visto nas primeiras 24 horas” mudou três vezes. Assim, os 10,6 milhões de reproduções do Beauty & a beat, de Justin Bieber, perderam o posto em junho para o vídeo de Miley Cyrus We can’t stop, que superou o anterior em 10 mil visualizações. Em julho, a “boy-band” britânica One Direction superou a marca de 12 milhões com a música Best song ever.
O “terreno principal” dessa competição musical é o canal Vevo, criado no YouTube por Sony, Universal e outras gravadoras para administrar diretamente seus vídeos.
Muitos usuários o utilizam como “a nova MTV” e montam suas próprias “playlists”. A revista Billboard, responsável pelas classificações oficiais na América do Norte, combina os dados do Vevo com os resultados das vendas para publicar as listas dos “hits” da semana.
“Não conseguimos o recorde?”, questionavam os decepcionados fãs de Lady Gaga através de suas contas no Twitter.
“No Vevo Romênia são 15 milhões!”, anunciavam confusas mensagens no Twitter.
O YouTube explicou à Agência Efe que quando um vídeo passa das 300 reproduções, seu contador se atualiza mais devagar, enquanto os filtros se asseguram de que todas essas reproduções são “de qualidade”. Por isso demorou tanto para que os fãs conseguissem ter acesso aos números reais.
A plataforma reforçou seus controles para prevenir as táticas de determinadas empresas, que ajudam terceiros a aumentar a visibilidade nas redes sociais com perfis falsos de usuários, por exemplo.
O próprio Bill Werde, diretor editorial da Billboard, denunciou hoje através de sua conta no Twitter uma tentativa de elevar os números de “Applause” com “veículos de imprensa pouco ortodoxos”.
“Um artista que tuíta ou põe em sua conta de Facebook um link que permite que um fã acesse o vídeo e deixe o computador ligado sem assistir ao vídeo não é a essência do que avaliamos em nossas listas”, escreveu o executivo, que se queixava de um link de uma “playlist” com o vídeo de “Applause” repetido 150 vezes que foi divulgado e posteriormente suprimido.
Não é a primeira vez que a sombra da dúvida paira sobre Lady Gaga. A companhia Status People avaliou os seguidores da cantora no Twitter e afirmou que 70% deles estavam inativos ou eram falsos.
Além disso, o YouTube invalidou 156 milhões de visualizações do canal oficial de Gaga. Alguns meios de comunicação atribuíram essa diminuição a “práticas fraudulentas”.
Além das sofisticadas estratégias de marketing de empresas especializadas, fãs anônimos se esforçam para divulgar seus artistas favoritos. Para aumentar o número de visualizações, um fã de Gaga chegou a divulgar o link do clipe novo como um suposto “vídeo de sexo de Justin Bieber”.