25 anos de Blitz. Eles lotaram o Via Funchal nesta semana em São Paulo e por quê?

Quem ouve falar no grupo hoje em dia simplesmente não pode imaginar o que foi o sucesso dessa banda durante a primeira metade dos anos 80. Na época, o país ainda vivia sob a ditadura militar – que estava bem mais leve, é verdade – e esse negócio de juventude ainda engatinhava. Claro que a repressão, mesmo que branda, se refletia nas rádios, que colocavam no ar apenas medalhões da música como Roberto Carlos, Joanna, Caetano, Gal Costa, Moraes Moreira e outras caras da MPB. No máximo um Lulu Santos ainda em início de carreira-solo. Rock e pop só se fosse de fora e ainda assim, artistas já muito famosos. De novidade? Praticamente nada.

Esse cenário começou a mudar em 1982, quando surgiu a Blitz. O líder do grupo era (ainda é) Evandro Mesquita, ator e músico que na época atuava no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone. O Asdrúbal foi muito importante porque revelou vários nomes que viriam a ficar famosos anos mais tarde. Entre eles: os atores Patrícia Travassos, Fernando Guimarães e Regina Casé. Além do próprio Evandro, claro. Aliando essa formação teatral com seu lado músico, o vocalista reuniu alguns amigos e juntos criaram a banda que viria a ser um marco fundamental para o mercado pop/rock no Brasil.

Com Evandro nos vocais e violão, o grupo tinha ainda Billy Forghieri (teclados), Ricardo Barreto (guitarra), Antonio Pedro (baixo) e Lobão (sim, ele mesmo, na bateria). Fernanda Abreu (é, a de “Rio 40 Graus”) e Márcia Bulcão completavam o time nos backing vocals.

Depois de algumas apresentações iniciais no Circo Voador, palco responsável por revelar bandas famosas nos anos 80, a Blitz teve a chance de gravar um compacto com a música “Você Não Soube Me Amar”. A canção era diferente de tudo o que rolava na época: tinha jeito jovem, era dançante, refrão esperto e pegajoso. Além disso, a atuação da banda também era inovadora: rock/pop e teatral ao mesmo tempo. As letras eram muito irreverentes, engraçadas e falavam de coisas que aconteciam com todo mundo. Todos esses ingredientes fizeram com que a explosão junto ao público não demorasse. A canção virou rapidamente a mais tocada, todo mundo sabia o refrão de cor e a frase “ok, você vence, batata frita” virou hit.

Isso levou a Blitz a gravar e lançar seu primeiro LP (era época do vinil) também em 1982. Assim, logo saiu o álbum chamado As Aventuras da Blitz, que trouxe o sucesso “Mais Uma de Amor (Geme, Geme”). Tanto esta música quanto “Você Não Soube Me Amar” tocaram simultaneamente nas rádios e quase não tinha emissora que não a executasse (as exceções eram raras). Com as backing vocals bonitinhas e um líder carismático, a Blitz conquistou o país de ponta a ponta.

A banda não se acomodou e em 1983 era a vez de lançar mais um disco. Radioatividade trouxe mais hits como “A Dois Passos do Paraíso”, “Weekend”, “Betty Frígida” e a versão de “Biquíni de Bolinha Amarelinha tão Pequenininho”.

Em 1984, saiu Blitz 3, o último disco desta primeira e melhor fase da banda. Com o disco, mais uma música de relativo sucesso: “Egotrip”. No final da turnê deste disco, a Blitz se desfez e de lá para cá várias reuniões foram feitas, com alguns integrantes originais e outros novos. Desses encontros nos anos 90 e 2000, surgiram alguns shows e discos. São eles: Todas as Aventuras da Blitz (1990, coletânea), Blitz Ao Vivo (1994), Blitz 2000 Últimas Notícias (1999). O mais recente trabalho do grupo é Blitz Com Vida, lançado em 2006. Nele há catorze faixas clássicas da Blitz regravadas com convidados especiais como Toni Garrido, Frejat, Paulo Ricardo, Paulo Miklos, Bianca Jhordão entre outros.

A Blitz foi um tipo de banda de rock que está em extinção no Brasil e talvez no mundo hoje. Raros são os grupos que fazem o chamado crossover, que pegam todos os tipos de públicos e não apenas o roqueiro.

Provavelmente, mais shows virão por aí. Fique esperto para ver o próximo. Os tiozinhos ainda detonam.

Veja a nossa galeria sobre o show da Blitz no Via Funchal.


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Anos 80: Blitz mudou a cara do pop brasileiro

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