Mulheres do funk


Créditos: Divulgação/Fernando Alves

Quando Neymar, o garoto-propaganda que todo artista popular sonha em ter, comemorou seu gol diante da Austrália, a imagem do craque com a camisa do Brasil fazendo o “bigode grosso” correu o mundo. Muita gente que não conhecia Marcelly, 21 anos, e sua ode às bigodeiras, ficou sabendo que outro nome do funk estava a caminho das paradas. Mas, diferente de Anitta, uma velha conhecida, a funkeira não pretende mudar de estilo, fazer um som mais pop nem tirar o MC do nome. 

Veja o clipe de Bigode Grosso

“Anitta sempre foi uma menina muito meiga, linda e simpática com todos, foi assim que eu a conheci”, afirma, para em seguida recusar que ela possa ter aberto  espaço para outras mulheres no funk. “Claro que não, sempre teve mulheres representando o funk muito bem, desde a época da Tati Quebra Barraco. Anitta chegou agora e já chegou saindo do funk, não somou em nada no nosso movimento”, detona.

Para Marcelly, que aos 12 anos cantava seus versos nos bailes do Complexo do Alemão, onde nasceu, o fato de Anitta e Naldo terem tirado o MC do nome indica que eles abandonaram a causa. “Sim, hoje eles não fazem mais parte do movimento funk, hoje eles são cantores pop”, diz.

Conhecida no meio do funk desde 2008, quando estourou com Coraçãozinho, Marcelly já emplacou faixas como Agora Me Perdeu e Bonde das Prostitutas. Hoje, é um ícone feminino do gênero, com direto a uma van cor-de-rosa toda decorada com essa que é sua cor preferida. 

Mas ela nunca havia acertado tanto quanto em Bigode Grosso. O Virgula Música a entrevistou por e-mail. Leia a seguir: 


Neymar comemora gol contra a Austrália

Em que circunstâncias você fez Bigode Grosso?

Essa música foi feita para um amigo meu de uma comunidade que eu frequento daqui do Rio de Janeiro. Fui convidada para cantar no aniversário dele e ele me pediu pra que eu fizesse uma música pra ele, exclusiva, fiz uma parte dentro da van indo pra festa e o restante improvisei na hora. Foi o maior sucesso na primeira vez que eu cantei, nem eu esperava essa repercussão toda (risos).

Qual foi o impacto dessa música na sua vida?

Muito forte. Bem parecido com a minha primeira música, Coraçãozinho, que também fez muito sucesso.

Você vê um parentesco entre seu trabalho e o funk ostentação de São Paulo?

Apesar da minha música falar de Chandon, Red Bull, Amarulla e festa de milionário, na minha opinião não tem nada a ver com o ostentação de São Paulo, que fala de carrões, cordão de ouro, mansões, iate e até avião.

Em que momento da vida soube que ia seguir carreira musical?

Sempre gostei de cantar, mais só comecei a levar como um trabalho depois que conheci meu empresário Frank Cavalcante, aos 15 anos. E, aos 16 anos, em 2008, estourei a minha primeira música. 

Ouça Coraçãozinho 


O fato de Anitta e Naldo terem tirado o MC do nome indica que eles abandonaram a causa?

Sim. Hoje eles não fazem mais parte do movimento funk, hj eles são “cantores pop”.

Como era a Anitta pessoalmente antes e depois do sucesso?

Anitta sempre foi uma menina muito meiga, linda e simpática com todos, foi assim que eu a conheci.

Crê que ela abriu espaço para outras mulheres no funk?

Claro que não, sempre teve mulheres representando o funk muito bem, desde a época da Tati Quebra Barraco. Anitta chegou agora e já chegou saindo do funk, não somou em nada no nosso movimento.

De que outras cantoras você gosta?  

Rihanna, Beyoncé, Ivete Sangalo. Admiro muito a personalidade delas.

As mulheres vão dominar o funk? 

As mulheres sempre tiverem espaço de igual para igual.

Qual considera sua missão no funk?

Quero fazer uma história bonita, representando muito bem o funk, com honestidade, e personalidade. Dinheiro e fama nenhuma vão me fazer mudar, tenho orgulho de ser funkeira. Se eu tiver que mudar meu comportamento e até mudar meu nome, pra aparecer e ganhar dinheiro, prefiro não aparecer e morrer pobre. Funkeiro de verdade carrega o MC e se orgulha disso, no ruim e no bom.

Agora me Perdeu, MC Marcelly


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'Anitta não somou em nada no nosso movimento', diz funkeira MC Marcelly