Existem muitas formas de conhecer o artista que André Frateschi se tornou; pode ser nos palcos interpretando David Bowie na banda Heroes, cantando músicas do Radiohead na Radiolarians, relembrando Tom Waits ao lado de Cida Moreira, refazendo alguns Hits do Underground, ou remexendo na obra de Frank Zappa com a banda Paprikka (essa é das antigas, do seu tempo de colégio). Mas o André Frateschi mais Frateschi de todos está em Maximalista, seu primeiro álbum solo, de trabalho totalmente autoral e que acabou de sair.

Em um papo com o Virgula Música, André nos contou porque resolveu gravar suas próprias músicas após tanto tempo de interpretações: ‘Nesse meio tempo (entre as bandas) segui escrevendo letras e registrando umas melodias que foram aparecendo. Um belo dia juntei o material e achei que dava um caldo. Mas, muita coisa não foi usada no Maximalista, pois o impulso de fazer o disco me inspirou e quase tudo foi feito recentemente. O álbum é um retrato do que penso e de quem sou agora.”, diz ele, e continua: “Claro que, o fato de trabalhar com o repertório do Bowie há tanto tempo faz com que, de uma forma não intencional, influências bowieanas estejam presente no disco. Mas outros artistas tambem estão lá. Ouvi muito The Clash, Television, Pulp, Morrissey e Depeche Mode no período de produção do Maximalista.”

Cem por cento paulistano, André também deixa claro que morar em São Paulo o influencia desde sempre: “O fato de ser um brasileiro da metrópole, sem coqueiros, barquinhos, e tais para apreciar, me faz menos brasileiro? A música que gosto e faço pode ser chamada de brasileira mesmo sem banquinho e violão? Sou filho da fumaça e da aspereza do concreto. A tradicional MPB, falando em termos estereotipados, não me representa. Sou o avesso do minimalismo bossa-novista. Um paulistano afoito, multifuncional, compartimentado, exagerado, cínico, sarcástico, maximalista. É aqui que vivo. Esse talvez seja o tema central do disco.”

 

 

Para acompanhá-lo nesta nova empreitada, André contou com ajuda de vários colaboradores nas gravações: André Abujamra, do Karnak (aliás, Frateschi já foi mascote da banda Os Mulheres Negras quando mais novo) , Loco Sosa, do Los Pirata, Dudinha Lima, da banda do Lobão, Zé Mazzei, do Forgotten Boys, enfim, a lista é enorme. Mas a cereja do bolo mesmo é o americano Mike Garson, tecladista que trabalhou com Nine Inch Nails, Smashing Pumpkins, e claro, com o próprio Bowie.

“Trabalhar com Garson, o tecladista de Aladdin Sane, era um sonho que eu tinha, mas achei que não rolaria. Sentei em frente ao computador e escrevi um email para o empresário dele. Então, ele próprio me respondeu três horas depois, me pedindo as músicas. Mike gostou tanto que gravou seis faixas diretamente de Los Angeles, me mandou pela internet e ainda compôs uma de presente para eu fechar o disco”, diz o artista, e acrescenta empolgado: ‘Isso é a prova de que o desejo intenso é capaz de coisas incriveis.”

 

 
Artista de mão cheia, André não poderia faltar em relação ao projeto gráfico e mandou muito bem na arte, convidando o quadrinista Fábio Moon para a ilustração: “Sou velho admirador do Fábio desde o tempo do 10 Pãezinhos. E desde esse tempo, tanto ele quanto o Gabriel, são frequentadores assíduos dos shows do Heroes. Então, fizemos duas reuniões para discutir o disco e a capa, e mais uma vez foi tudo muito harmônico. Um dos meus maiores orgulhos desse trabalho é a equipe sensacional envolvida em cada etapa”.
 
 
 
 
Agora André quer mesmo é colocar o disco para rodar e levar as músicas próprias para o palco. “No show, fazemos uma versão de Fame, do Bowie, mas de resto é só Maximalista. Minha ideia é focar no disco. Acredito que ele tenha fôlego para um bom tempo de estrada. Lançar um trabalho autoral mexeu bastante comigo. Vou me jogar de cabeça nisso!”, finaliza.
 
 

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André Frateschi sobre carreira solo: 'Sou o avesso do minimalismo bossa-novista. Sou maximalista"

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