Em 6 de novembro de 1996 a formação clássica do Sepultura se apresentava pela última vez no Brasil, com Max Cavalera nos vocais. O show ocorreu no extinto Olympia, em São Paulo, e a banda estava divulgando o estrondoso Roots, álbum mais famoso dos brasucas. Agora, 20 anos depois o vocalista e seu irmão Iggor voltam à capital paulista para um show comemorativo do disco, em uma apresentação que ocorrerá em 16 de dezembro, no Tropical Butantã.
“A ideia de fazer a turnê Max & Iggor Cavalera – Return To Roots veio da Glória, minha esposa. Ela me disse: ‘A galera quer ver mesmo você e seu irmão tocando Sepultura. Vocês eram o coração da banda’. Então, resolvemos fazer esses shows para celebrar o disco”, conta Max Cavalera pelo telefone, direto de Phoenix, EUA, em exclusiva ao Virgula.”Estamos tocando o álbum inteiro na íntegra, com as músicas na mesma sequência e depois apresentamos umas surpresas para o público, para o show ter uma hora e meia de duração”, adianta ele.
Pelo tom da voz de Max é perceptível que a turnê está sendo um sucesso, o deixando bem satisfeito. “O mais legal é que estão dizendo que estamos fazendo um trabalho que faz jus ao original. Sabe, tocar as músicas hoje tem um outro sentimento, pois sabemos que estamos executando clássicos do metal. Na época ainda não tínhamos a noção da proporção que elas iriam tomar”, conta o frontman, e complementa: “Outra coisa que está sendo f*da é ver a molecada, que não tinha nem nascido quando o Roots foi lançado, pirando nos shows”.
Já que o papo é sobre Roots, nada mais justo do que relembrar aquela época boa que não volta mais. “Olha, ouvindo hoje eu só mudaria uma coisa no disco, que é a música Roots Bloody Roots. A versão demo que eu tinha feito em um gravador de 4 canais tinha um fim bem mais ‘porrada’, pauleira, meio anarquista. Mas no estúdio eu acabei deixando esse lance de lado”, conta ele, e faz uma revelação: “A primeira ideia de percussionista para o disco era o Naná Vasconcelos, e não Carlinhos Brown. Tentamos entrar em contato com ele várias vezes, mas não tivemos sucesso. Daí o tempo estava passando muito rápido, e como tínhamos um deadline para terminar a gravação, optamos pelo Brown. Penso até hoje que se tivéssemos feito o álbum com o Naná a coisa seria bem mais louca”.
Versão demo de Roots:
O brasileiro também tem plena consciência do tamanho e importância do disco hoje em dia: “Existe um misticismo em cima do álbum, por ter sido o meu último com o Sepultura. Mas, Roots em si nasceu para o sucesso. Ele é muito interessante: tem o lance dos índios Xavantes, a parte artística da capa, a pintura em nossos corpos. Com isso atiçamos a curiosidade do mundo inteiro. O que nos tornou grandiosos. Se hoje você ouve Slipknot e System of A Down é porque existiu Roots“, diz o músico.
Em 1996, o Sepultura vivia uma ascensão supersônica de popularidade, tocando nos maiores festivais de metal do mundo ao lado das bandas mais importantes do gênero. Todos os olhos estavam voltados para os brasileiros, e Max relembra o peso disso: “Algumas pessoas acreditavam que seríamos o novo Metallica, mas não tínhamos isso como objetivo. O nosso lance principal sempre foi a música. Inclusive, eu nem curto o rumo que o Metallica tomou. O último disco deles que eu gostei foi o...And Justice For All. Depois disso perdi o interesse na banda. Então, se for para fazer uma comparação, isso é o tipo de coisa que eu não gostaria que rolasse com o Sepultura, de ficar tão grande ao ponto de não se preocupar mais com a arte. Pensando assim, foi até melhor eu ter saído da banda no auge”, finaliza.
SERVIÇO
Show: Max & Iggor Cavalera – Return To Roots
Quando: 16 de dezembro (sexta)
Onde: Tropical Butantã – Av. Valdemar Ferreira, 93 – Butantã, São Paulo
Ingressos: de R$ 120 a R$ 230
Online: https://ticketbrasil.com.br/show/4564-maxeigorcavalera-saopaulo-sp/ingressos/
Realização: HonorSounds