Deize Tigrona

Reprodução/Facebook Deize Tigrona

Deize Tigrona tem medo de avião, mas não de macho. Há pouco menos que uma década, a MC carioca foi um dos nomes centrais do momento em que o funk carioca começou a ganhar o mundo. A grande felina do funk, que chegou a abandonar a carreira, disse em entrevista exclusiva pra gente que passou por tempestades turbulentas, descobriu sua relação com o feminismo, e agora quer contar tudo em um livro.

Se liga nessa onda forte que é a Tigrona com o Jaloo, em Prostituto:

“Tive uma depressão devido a um problema de família”, afirmou. “E também fiquei triste por saber que o povo não entende que somos artistas, mas antes também somos humanos com sentimentos e problema como todos. Não é mentira, tenho, sim, medo de avião. Se for preciso eu viajo, mas não sozinha. Digo que estou voltando, mas pro meu público é como se eu não tivesse parado, eu tive prova disso”, completou. Leia nosso papo completo com a rainha.

O seu hit Injeção foi sampleado pelo Diplo para a M.I.A. e se tornou um sucesso mundial, com nome de Bucky Done Gun, isso te ajudou financeiramente e em termos de mídia?
Deize Tigrona – Sim, me ajudou em termos de mídia. Financeiramente, não muito. Não fiquei rica (risos).

Ouça Injeção

Onde busca inspiração para fazer suas letras. O que te motiva a fazer uma música nova?
Deize – O público é uma forte inspiração. E lógico o dia a dia entre amigos no bate-papo.

Você está retomando a carreira ou nunca parou? O que te motiva a seguir em frente neste momento?
Deize – Sim, havia parado. Tive uma depressão devido a um problema família. Eu adotei meu sobrinho e a forma como foi eu me abalei pois ele estava doente. Tive que entrar em processo judicial e só agora depois de 7 anos conseguir a guarda definitiva. E também fiquei triste por saber que o povo não entende que somos artistas, mas antes também somos humanos com sentimentos e problema como todos. Não é mentira, tenho, sim, medo de avião. Se for preciso eu viajo, mas não sozinha. Digo que estou voltando, mas pro meu público é como se eu não tivesse parado eu tive prova disso.

O que acha que mudou mais no funk desde o momento em que você surgiu em comparação com agora?
Deize – Bom, não é o que eu acho, está visível, portas abertas a todas as classes sociais que estão se tornando MCs de sucesso. Há ainda o preconceito no funk, mas estamos tendo grandes gravadoras e produtores que antes criticaram o funk produzindo MCs das favelas e as playboyzadas do asfalto. Isso não é ruim, mas espero que as críticas mudem também.

Assistiu a Lucky Ladies? O que achou do programa?
Deize – Não acompanhei todo o programa, mas o pouco que assisti vi que podia ser mais produtivo em união entre as meninas já que não tinha prêmio financeiro o funk e mais e uma soma sem débito. Então eu tô torcendo pra que saia pelo menos um clipe das meninas juntas cantando dançando e muito mais.

De que maneira considera que seu trabalho contribui para que surgissem outras mulheres no funk?
Deize – As minhas letras são consideradas uma liberdade total (risos). Taí vamos desse que eu dei liberdade (risos).

Quais são as funkeiras que mais gosta na atualidade e indica?
Deize – Quem sou eu pra indicar alguém. Estou tão poderosa assim (risos)?

Como o feminismo te ajudou a se tornar uma pessoa mais consciente e como isso se reflete na sua música?
Deize – Até um tempo atrás eu não estava me associando ao feminismo, daí uma amiga aqui na comunidade conversando comigo me fez lembrar de uma situação que passei quando eu era mais nova. Pra quem não sabe, eu quase morri por conta de um namoro, cheguei a entrar em coma. Eu tinha uns 17 pra 18 anos. Eu já quis morrer por um homem, em algum outro momento eu conto os detalhes.

Bom, sou a mais velha de oito irmãos, comecei a trabalhar com 12 anos, não tem como eu não ser autoritária. Eu descobri a consciência com a vida com tudo que passei e passo até hoje, a música me reflete a liberdade de ser quem eu sou sem me incomodar com a opinião de ninguém.

Sente que a pressão sobre uma mulher é maior, em relação ao físico, às letras? O meio do funk é machista?
Deize – Há quem confunda ainda, mas nem todos são machistas.

Quais são seus planos para o futuro próximo, tem algum hit na manga?
Deize – Meus planos são voltar aos palcos aos poucos, escrever um livro. Quero que esses adolescentes entendam que não e só ser artista tem que ser humano, estudar, fazer o bem ao próximo. Não são todos os MCs que ficam ricos só por serem famosos Eu não fiquei rica devido esse tempo parada voltei a trabalhar. Trabalho num hospital aqui no Rio, estou feliz por conciliar os dois.


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Achamos a Deize Tigrona, pioneira do funk feminista. Ela voltou e quer escrever um livro