Completando 25 anos de carreira, os californianos do Slayer causam polêmica por onde passam. É raro encontrar hoje uma banda de thrash metal, estilo adotado pelo conjunto, que ainda conquiste tantos fãs e lote casas de shows sem se vender ao estilo e modas musicais que infestam hoje o cenário musical dos Estados Unidos.
O grupo formado pelo baixista e vocalista Tom Araya, o baterista Dave Lombardo e os guitarristas Jeff Hanneman e Kerry King esteve em sua terceira visita ao país para shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. A última apresentação do grupo no Brasil foi em 1998, no extinto festival Monsters Of Rock.
A turnê promove o álbum “Christ Illusion”, lançado no fim de agosto em que desfilam músicas extremas e agressivas, abordando temas polêmicos, como morte, violência e críticas à religião. Uma música em especial, Jihad, trata das guerras religiosas do ponto de vista de um terrorista, e a capa por si só já atrai toda a polêmica: a figura de um Jesus Cristo mutilado mergulhado em um mar de sangue infestado por cabeças mortas. Um prato cheio para a crítica conservadora dos EUA.
Nas portas do Via Funchal, em São Paulo, onde a banda se apresentou nos dias 1 e 2 de setembro, uma multidão ensandecida de fãs aguardava os quatro cavaleiros do apocalipse como se fosse o último show da Terra. A banda é famosa por suas apresentações demolidoras, sem nenhum efeito visual ou pirotécnico. O que os fãs podem esperar de um show do Slayer é um show de muita atitude e porradaria.
O show começou com a banda baiana de Death Metal, Ungodly que apresentou um show curto e forte, animando a galera para a grande atração da noite. Subindo ao palco às 22:30h, o Slayer entra colocando o Via Funchal abaixo com “Disciple”, música de abertura do álbum “God Hates Us All”, de 2001.
A banda pareceu muito inspirada, especialmente o barbudo vocalista Tom Araya, que gritava como um alucinado durante e entre as músicas para provocar ainda mais os fãs, que esperam pela banda no país há 8 anos.
Com a volta do baterista Dave Lombardo, afastado desde 1990, a banda com sua formação original preparou um set baseado nos álbuns mais antigos e não poupou sons de “Reign In Blood” e “Seasons In The Abyss”, clássicos absolutos do grupo e fez a multidão se bater como louca em porradas como “Die By The Sword”, “Postmortem”, “Dead Skin Mask” e “Mandatory Suicide”.
Tom Araya, a cada intervalo assistia calado e sorridente enquanto a multidão entoava cânticos de Olé Olé Olé Slayer, Slayer. E a satisfação do vocalista só atiçava ainda mais os fãs. Os guitarristas Jeff Hanneman e Kerry King se mostraram também afinados e desfilavam solos extremamente rápidos e violentos, arrepiando a alma de todos no local, aliás, Kerry King no palco é uma coisa assustadora, já que o guitarrista não pára de agitar um minuto, empolgando o mais exausto dos headbangers.
Dentre as músicas apresentadas, a banda tocou apenas uma do novo álbum. “Cult” mostrou que ao longo dos anos o Slayer consegue ser cada vez mais pesado e agressivo sem nunca perder a velocidade absurda que lhe fez fama.
O show terminou à 0h com “Angel Of Death”, clássico do álbum “Reign In Blood”, que mais uma vez causou polêmica ao falar do médico nazista Joseph Mengele. Quem foi a esse show, com certeza teve sua alma lavada em um dos melhores shows do ano, mostrando que o grupo ainda tem muito que mostrar e que os fãs certamente estarão esperando.
SET LIST 02.09
Darkness Of Christ (intro)
Disciple
War Ensemble
At Dawn They Sleep
Die By The Sword
Spirit In Black
Cult
God Send Death
Mandatory Suicide
Seasons In The Abyss
Chemical Warfare
Hell Awaits
Postmortem
Silent Scream
Dead Skin Mask
Raining Blood
South Of Heaven
Angel Of Death
DISCOGRAFIA:
Show No Mercy (1983)
Haunting The Chapel (1984)
Hell Awaits (1985)
Live Undead (1985)
Reign In Blood (1986)
South Of Heaven (1988)
Seasons In The Abyss (1990)
Decade Of Aggression Live (1991)
Divine Intervention (1994)
Undisputed Attitude (1996)
Diabolus In Musica (1998)
God Hates Us All (2001)
Christ Illusion (2006)
