Por mais que se fale em crise econômica no Brasil, vemos aumentar cada vez mais o número de artistas internacionais a se apresentar no país. Não importa se o dólar e o euro estão com cotações altas, ou se o valor do ingresso vai muito além do que a pessoa pode pagar. De uns anos pra cá o brasileiro tem consumido shows gringos como nunca antes visto e lotado estádios, fazendo com que a agenda dos artistas mire na América do Sul.
Em conversa exclusiva com o Virgula, Alexandre Faria, diretor e vice-presidente sênior de aquisição de talentos da Live Nation no Brasil, explica porque isso acontece: “A pessoa parcela o ingresso no cartão, se aperta nas contas, espera mais um ano para trocar a geladeira ou o sofá e faz economias, mas vai ao show. Se ela não conseguir nem ver o artista que ela tanto gosta é muita privação. É muito difícil deixar de ver um artista que você gosta”.
Porém, isso não significa que são tempos tranquilos para a realização de shows internacionais no Brasil. “O ano de 2017 foi bem melhor para shows. Tivemos a projeção de um PIB positivo com o crescimento de 1%. Agora, com a crise temos a diminuição de patrocínio, que dificulta muito em algumas realizações. Portanto, em muitas vezes não sentimos uma diminuição na venda dos ingressos porque a pessoa precisa se divertir e faz sacrifícios para isso”, diz.
Alexandre, que está há 20 anos no ramo de compradores e promotores de talentos na América Latina e passou os últimos sete anos trabalhando na Time For Fun agendando e produzindo shows na América do Sul, explica que os astros gringos têm fascinação em tocar em nosso país, o que facilita no processo de agendamento. “O Brasil é um mercado importante e um local em que os artistas gostam de tocar porque o público é muito caloroso. A vibração brasileira realmente encanta os artistas. Então, temos isso ao nosso favor”, diz ele que já trouxe U2, Pearl Jam, Coldplay, Black Sabbath, Madonna, Justin Bieber, Roger Waters, Paul McCartney, entre outros. “A memória que os artistas têm da nossa plateia nos ajuda muito”.
Por outro lado, o momento de crise acaba tornando a vinda dos artistas um pouco mais complicada, mas não impossível: “Temos problemas políticos que derivam em problemas econômicos, e também de segurança que é uma coisa muito séria e coloca em risco muita coisa. Também há os problemas de saúde, como a atual epidemia de febre amarela, por exemplo. São problemas que geram incertezas nas cabeças dos artistas em vir ao nosso território“, diz Faria, que se mostra positivo sobre os próximos anos: “Desde 2012 tem sido anos sofridos para todo mundo. Sinto que agora é um momento de pós-crise e o pior já passou. Espero que 2018 e 2019 sejam de recuperação. Eu quero crer nisso”
Critérios para trazer artistas
Assim como toda empresa, o objetivo da Live Nation é obter lucro, além de entreter, claro. Por isso quando se trata de trazer um artista ao país não pode haver a opção de tomar prejuízo. “Nós ajustamos o show de acordo com demanda que o artista vai ter no mercado brasileiro. Se o artista não aceita tocar para aquela quantidade de pessoas e com a oferta econômica que estamos fazendo, podemos avaliar em não trazê-lo porque acreditamos que não será um projeto viável. Esse é o processo da nossa negociação”, revela.
A primeira grande turnê oficial da Live Nation no país é o encontro de Foo Fighters e Queens of The Stone Age em quatro capitais. “Estou muito feliz com esse momento, pois na semana passada trouxemos o Phil Collins pela primeira vez ao Brasil, que é um acontecimento histórico, e agora a turnê do Foo Fighters com o Queens of The Stone Age está sendo um enorme sucesso. Para o público roqueiro, é um pacote incrível”, celebra o diretor.
Para shows futuros, Faria revela que tem uma vontade, porém ainda distante: “No momento não tem nenhum artista que eu esteja tentando trazer e não consiga. Mas, se tem um(a) que eu sonho em ver se apresentando no Brasil é a Adele, uma cantora que nunca veio e está na cabeça de todos. Seria sucesso na certa!”.
Shows mais esperados de 2018
Créditos: Divulgação