Mariana Aydar

Simone Elias/Divulgação Mariana Aydar

Pedaço Duma Asa, o quinto álbum de Mariana Aydar é uma pintura. E também uma escultura, uma instalação, um grafite. Kavita, apelido da cantora de 35 anos dialoga com a arte, a densidade e as imagens que emergem das letras de Nuno Ramos e Clima. Ao mesmo tempo, encontra as formas graças à criatividade e o little help dos músicos Gui Held, guitarrista que atualiza as sonoridades e o fuzz setentista, e o multi-instrumentista e produtor Duani, responsável por imprimir ao lado de Mariana a atmosfera contemporânea do álbum.

A cantora nega, no entanto que ao trabalhar com Nuno Ramos, se sentiu compelida a fazer algo que estivesse mais para o artístico que para o entretenimento. “Não pensei nisso exatamente. Eu segui o que música me indicava. Sempre fui apaixonada pelas músicas do Nuno: lindas, intensas, profundas. Te levam para um outro lugar. Estou muito feliz em poder cantar essas músicas . Duani foi muito mestre por ouvir o que aquela música pedia. Junto com o Gui Held, na guitarra, começamos a depurar uma sonoridade que vínhamos trabalhando com o maestro Letieres Leite desde o meu último disco, Cavaleiro Selvagem. A gente chamava esse som de ‘afro mântrico’ e nesse disco acho que ele está mais ‘afro pop'”, afirma.

Ouça Pedaço Duma Asa, de Mariana Aydar:

Feio, duro em alguns momentos, coisa que vem se tornando linguagem na MPB indie – caminho que Romulo Fróes, Metá Metá, Jussara Marçal, Russo Passapusso, Passotorto, Negro Léo e Ava Rocha também vem apontando – Pedaço Duma Asa se insere dentro de um contexto maior.

“Independência, coragem e abrangência”, resume a paulistana sobre a nova geração ao Virgula e elege ela própria seus preferidos: “Duani, Karina, Jurema , Tiganá, Céu, Ana, Maria, Marcinha, Roberta ,Vanessa, Dani, Criolo, Emicida, Tulipa, etc.”, enumera. “Tem uma galera muito massa!”

Mas será que ela acha que a produção da música brasileira atual pode ser comparada com a MPB clássica, onde estão Gil, Caetano, Chico, Jorge Ben, Gal, Bethânia e onde Dominguinhos se insere? “Não existe muita comparação na arte, pois cada um tem sua história, mas acredito que essa geração aprendeu muito com a coragem e criatividade desses mestres e o caminho ficou aberto para que gente também possa se expressar assim, com liberdade”, argumenta.

Mariana também nos contou o que aprendeu com Dominguinhos – ela produziu documentário sobre ele – e como filha do Mário Manga. “São dois grandes acontecimentos na minha vida. E acho que o que eles mais me ensinaram, inclusive para minha carreira, é que a carreira não vem primeiro. Não é porque você toca ou canta que é diferente de ninguém ou melhor do que ninguém. Ambos tratam as pessoas de igual para igual , conversam com todo mundo, tem essa humildade intrínseca, são muito gente boa”, avalia.

Sobre o que a cantora e compositora espera do disco, ela não teoriza muito. “Que me faça muito feliz”, resume, antes de dizer que estará na linha de frente, cantando, e segurando os grooves junto com a cozinha durante as apresentações. “Vou amar tocar baixo no show, estou realmente empolgada com isso.” Drop the bass, Kavita.

SERVIÇO

Pedaço duma Asa
Mariana Aydar
Selo Brisa
Pommelo Distribuidora
Preço médio: R$ 25,00

Shows

Belo Horizonte – 1/10: Teatro Bradesco
Rio de Janeiro – 20/10: Theatro Net Rio; 17 e 18/ 11: Caixa Cultural Rio
São Paulo – 21/11, Auditório do Ibirapuera

Mariana Aydar

Mariana Aydar
Mariana Aydar
Créditos: Simone Elias/Divulgação

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A Mariana Aydar foi do "afro mântrico" ao "afro pop" e seu "Pedaço Duma Asa" tá cabuloso