Em pouco mais de três horas de duração, a 50ª edição do Grammy seguiu o exemplo das outras 49 premiações: promoveu encontro de gerações, homenageou os grandes e levou ao palco os novatos que hoje encabeçam as paradas musicais dos EUA.
Mas, na verdade, todos queriam ver Amy Winehouse, saber se ela ia ou não ia conseguir chegar, vê-la de perto, todos queriam saber de Amy.
Uma das mais indicadas – ela concorria em seis categorias – a cantora inglesa levou os Grammys de vocal pop, álbum pop, música do ano, revelação e gravação do ano, todos pelo disco Black to Black e pela faixa Rehab.
O ator Cuba Jr foi o encarregado de apresentar Amy. E disse: “não tinhamos certeza se ela viria ou não. Mas aqui está ela, representando Londres”.
Comportada e mais magra, tocou I’m no good e Rehab direto de Londres, via satélite. Com um cenário todo particular, não podia apresentar outras músicas. Na primeira, um dos versos diz “eu avisei que eu era um problema”. Na segunda, mais conhecida, ela se nega a ir à reabilitação.
Outros prêmios
Além de Amy, subiram ao palco Foo Fighters – este ano, foi com eles que um fã tocou; na verdade a fã, uma violinista – Alicia Keys, que abriu a cerimônia com um dueto com Frank Sinatra, Carrie Underwood, Feist e as eternas divas Tina Tuner e Aretha Franklin.
Ao contrário das edições passadas, mais dedicadas ao rock e ao pop, este ano o Grammy decidiu valorizar o soul, rap, R&B, colocando no palco, na mesma noite, Aretha, Tina e Beyoncé, que teve a missão de cantar com miss Tuner.
Aos 69 anos, Tina acompanhou a ‘novata’ na voz a na coreografia, mostrando que ainda tem muito para dar a música.
Alicia Keys, integrante da nova leva de cantoras de R&B, voltou ao palco para cantar No One, música premiada com o Grammy de melhor performance R&B. Só para convencer de que sim, o prêmio tinha que ser dela.
Os Beatles também foram homenageados. Na verdade, a homenagem foi para o álbum Love, e contou com o elenco do musical Across the Universe, que se apresentou sob o olhar atento de duas pessoas da platéia seleta do Grammy: Ringo Star e Yoko Ono.
Sobrou Grammy até para pré-candidato à presidência dos EUA. Barack Obama levou o prêmio de melhor álbum falado, dá pra acreditar? Bill Clinton estava concorrendo, mas não ganhou nada.
Já os brasileiros ficaram de mãos vazias. A cantora do Benin Angélique Kidjo levou o Grammy de melhor disco de world music contemporânea, por Djin Djin, categoria na qual concorriam os brasileiros Gilberto Gil, pelo álbum Gil Luminoso, Céu, pelo seu disco de estréia, Céu, e Bebel Gilberto com Momento.
O penúltimo prêmio da noite, o de gravação do ano, não podia ter outra premiada: Rehab, de Amy Winehouse, que fez cara de surpresa e susto ao ser filmada ainda no palco.
Dessa vez, ela não escapou do discurso e agradeceu a todos da gravadora e aos pais – mamãe estava bem ao lado.
Antes de relembrar o rock em seus primórdios com Jerry Lee Lewis e Little Richard lado a lado, o Grammy homenageou o tenor Luciano Pavarotti e outros cantores que morreram no último ano.
O prêmio mais aguardado da noite, o de álbum do ano, foi apresentado por Usher e Quincy Jones. Quando todos esperavam a consagração de Amy e seu sexto Grammy, o nome no papel era de Herbie Hancock, pelo disco River: The Joni Letters.
Para quem perdeu, fica o consolo, ano que vem tem mais.