Moda sexy na SPFW
Mais uma temporada de São Paulo Fashion Week está chegando ao fim neste sábado (16) e, como sempre, alguns temas ganham destaque. Dessa vez, ao lado do velho duelo “moda conceitual x moda comercial”, a piriguete Suelen (personagem de Isis Valverde na novela Avenida Brasil) e a febre das “empreguetes” (novela Cheias de Charme) deu abertura para discussões sobre o jeitinho sexy que a brasileira tem, por natureza, de se vestir.
Isis não passou pela Bienal, e nem precisaria. O sucesso da sua personagem é nítido, já ganhou calças e vestidos com o mesmo nome (Suelen), que estão sendo vendidos em ruas de comércio popular. Leggings justíssimas, coloridas e estampadas; decotes, blusa de barriga de fora; salto altíssimo; vestidos curtos, justos e com zíper na frente; minissaia. Essas são as peças do guarda-roupa da Suelen, mas basta olhar um pouquinho a moda rua para notar que há anos esses itens também marcam presença no estilo da brasileira. No entanto, as novelas, maiores difusoras de tendências no país, sempre reforçam algumas realidades e as colocam no centro das atenções novamente.
E o que os profissionais da moda acham disso? Como eles enxergam a moda piriguete? Afinal, existe algum mal em entrar com tudo nesse estilo? O Virgula Lifestyle conversou sobre o assunto com alguns nomes que circulam nesse meio. Veja o que eles disseram:
Costanza Pascolato (empresária, consultora de moda e colunista da Vogue): Existem piriguetes e piriguetes. Tem meninas de 12 anos vestindo o uniforme de piriguete e salto de 14cm sem saber o que está fazendo. As pessoas têm que viver a própria personalidade, se é naturalmente sexy, ok. Roupa Piriguete por piriguete, não tem nada de criativa. Acho ridículo uma pessoa que usa uma calça 10 vezes menor do que ela, só para mostrar o corpo, seja ele bonito ou feio. O Brasil tem que descobrir um maneira de interpretar essa sensualidade de uma maneira um pouco menos vulgar e menos caricata.
Erika Palomino (jornalista, consultora de moda e editora-chefe da revista L’Officiel Brasil): É uma moda que vem das ruas e a televisão que é a maior difusora de tendências do Brasil está estabelecendo. Mesmo em festas as meninas vão vestidas assim e não só as da classe C, representadas pela personagem (Suelen). É uma realidade brasileira. É uma vontade de ser gostosa que a brasileira tem e gosta de mostrar.
Lilian Pacci (jornalista, crítica de moda e apresentadora do GNT): A mulher brasileira gosta disso, sempre gostou de mostrar o corpo, usar roupa justa, mostrar a barriga. Somos um país de litoral, lidamos muito bem com o corpo. Mas isso é uma moda de rua, não de passarela; não circula em um SPFW, mas circula em um Brasil mais real. Faz parte da identidade brasileira.
Cris Guerra (do blog, Hoje eu vou assim): Acho um retrocesso. A gente estava caminhando no sentido de aprender a usar a roupa para mostrar a personalidade e não o corpo, aí vem um personagem e começa a mostrar o contrário. Eu entendo quando isso é uma grande manifestação popular, mas acho um retrocesso. Sem contar que se tirar da novela, na realidade a maioria das mulheres não tem o corpo perfeito aí fica pior ainda.
Cecília Lima (consultora de moda e editora chef do Closet Online): Sou totalmente contra, acho que mostrar tudo perde completamente a graça, independente de ser moda ou não ser. Acho que no dia a dia, normalmente o que é bonito não precisa ser mostrado. É muito mais elegante e divertido você imaginar… A verdadeira sensualidade não é mostrar, um simples ombro de fora é muito mais sensual do que um vestido bandage.
Julia Petit (editora do site Petiscos e apresentadora do GNT): As pessoas precisam parar de se iludir. Elas acham que o Brasil se veste como o SPFW? Desculpa, não é. O Brasil não é isso aqui. Eu sei que a moda quer que as pessoas acreditem que o Brasil é isso. Eu estava conversando com o Adriano Iódice e ele comentou sobre isso também, que a brasileira prefere decote na frente do decote nas costas e do comprimento curto, tudo ao mesmo tempo. Não é piriguete, é a brasileira, ela é exuberante, ela transpira sensualidade. Ela quer ser gostosa, ela quer saber se o homem gosta da roupa dela. A gente não pode ficar se enganando.
Sarah Oliveira (apresentadora da SPFW TV): Acho divertido e engraçado. A personagem dela (Suelen) tem muita personalidade. Vou sempre para o lado do comportamento. Acho que tudo depende do astral da pessoa, se ela está feliz usado esse tipo de coisa, é válido. Eu olho a Suelen, por exemplo, e acho que super cabe, tem tudo a ver com ela, não tem a ver comigo, por exemplo.
Arlindo Grund (consultor de moda e apresentador do Esquadrão da Moda): Antes de qualquer coisa a mulher brasileira precisa entender que ela já é sexy por natureza e que a roupa passa uma mensagem. Então, se a mulher já tem um jeito sensual de jogar o cabelo, já anda mexendo os quadris e coloca uma roupa super curta com top, tem que tomar muito cuidado em como ela será interpretada. Quando você assume um estilo piriguete, tem que arcar com as consequências e saber que nem sempre você será vista de uma maneira positiva.
Atenção: Dá para usar peças tachadas de “piriguete”, com elegância
Arlindo Grund afirma que dá perfeitamente para usar uma peça “de piriguete” com elegância. Basta saber equilibrar o look e claro, não esquecer que ser “piriguete” não está só ligado à roupa, mas também à postura. O segredo é colocar o “estilo periguete” apenas em uma parte do corpo e cobrir o resto.
O consultor de moda sugere: “se você usa uma super mini saia que tem um palmo de tecido, como as pernas já estão de fora, para não ficar extremamente vulgar, coloque uma camisa de seda esvoaçante de manga comprida. Quer continuar piriguete em cima também? Coloque uma camisa transparente com sutiã, mas aí a barriga tem que estar em dia com a academia”.
Encontramos na Bienal, algumas mulheres usando peças sexys de uma maneira completamente harmoniosa, inspire-se na galeria!