Em 1994, surgia no Brasil a modelo mais famosa e mais bem paga do mundo. Gisele, aos 14 anos, foi descoberta por Dilson Stein em Horizontina, no Rio Grande do Sul, e de lá para cá, muita coisa mudou, inclusive, o jeito de as agências descobrirem modelos. “Existe uma grande diferença. Não tinha uma ferramenta chamada internet. Lá na época da Gisele, a gente tinha que ir pra rua mesmo. A gente ainda faz esse trabalho, mas, além disso, buscamos modelos nas redes sociais, que é algo que nos ajuda muito”, conta o scouter em entrevista exclusiva para o Virgula.
Para quem não conhece Dilson, deveria. Ele não descobriu e encaminhou apenas a carreira da musa brasileira Gisele, mas também lançou Alessandra Ambrósio, Carol Trentini e até a atriz Bruna Linzmeyer, que atualmente se dedica à carreira de atriz na TV Globo. É um scouter – olheiro – reconhecidíssimo no mundo da moda. Em tempos atuais, fomos questionar o dono da agência que já descobriu mais de 6 mil modelos sobre os novos padrões de beleza e as frequentes críticas sobre modelos magras demais nas passarelas.
“Eu acho que existem muitos padrões de beleza no mundo. Tem as de concurso de beleza, de miss, tem as ditas mulheres-frutas, que tem um corpão, e também tem as modelos de moda. As modelos têm medidas padrões. Quero ressaltar que essas medidas das modelos não são as agências que impõe, é o mercado da moda mesmo”, afirmou. “Há as modelos fashion e de comercial. A fashion, de passarela, tem um padrão rígido de peso e altura, tem que ter rosto marcante. A altura é de 1,80 m, geralmente, há exceções, mas esse é o padrão. O mundo fashion é mais glamouroso”, explicou.
Dilson explicou ainda, que apesar de ser muito glamouroso, é na parte de comerciais que as modelos fazem mais dinheiro. “A comercial precisa ter pele, sorriso, cabelo bem cuidado e a altura não é tão importante, já tive modelos de 1,60 m. Ter que ser bonita. Os padrões de beleza vão mudando, mas para o mercado comercial é importante. Tem muita modelo fashion que está ganhando dinheiro no comercial, como a própria Gisele, por exemplo”, finalizou.
Questionado sobre as modelos do universo conhecido como plus size, em que Ashley Graham e Fluvia Lacerda se destacam com louvor, Dilson diz que é um mercado em amplo crescimento e que vem ganhando atenção no mundo da moda, porém também afirma que tem suas exigências e padrões. “As modelos plus size! Eu não trabalho, mas está crescendo. O Fashion Week Plus Size cresceu muito. Mas elas precisam ter um rosto muito bonito, a pele linda, o cabelo bem cuidado, não pode ter pele flácida. Cresceu muito, principalmente, em campanhas publicitárias. Elas precisam ter cuidados, só temos modelos plus size belíssimas”, opinou.
Dicas e riscos para quem quer ser modelo
O scouter sinalizou que as redes sociais são uma ferramenta importante para os olheiros descobrirem novas modelos. Com isso, muita gente pode acabar caindo em um golpe e ter a vida e carreira destruídas. “Tem que tomar cuidado com as armadilhas. Depois do contato, a pessoa tem que buscar informação da agência, do olheiro. Os pais precisam estar junto. Tem muita gente que se aproveita. Não existe mágica! Cuidado com propostas mirabolantes. Você só chega ao sucesso com trabalho”, aconselhou.
“O mercado mudou. Onze anos atrás, elas iam morar em São Paulo com 13 anos, 14 anos. A própria Gisele foi com 14. Atualmente, nós descobrimos, mas elas são acompanhadas pela agência apenas aos 16 anos. Isso é uma grande mudança. Elas ainda estão saindo da cidade delas para ir para São Paulo, mas estão completando 16 para fazer isso”, contou Dilson.
Sobre dicas para quem quer ser modelo, Dilson é direto. “É simples: é informação, pesquisa, apoio da família, bom scouter, boa agência. Tem que ter um biótipo, ver se é fashion ou comercial. Tem que encarar como profissão, ter foco em resultados e muita determinação. Tem que ter talento.”
Gisele Bündchen e as supermodelos
Dilson também falou sobre as suas descobertas mais famosas e garantiu que não tem mais contato com Gisele. “Meu escritório informa, prepara e encaminha as modelos. Depois, a agência é que cuida da carreira delas, mas a gente se mantém à disposição para ajudar no que for preciso”, explicou. “Eu ainda tenho contato com a Carol Trentini, com a Alessandra Ambrósio, principalmente com a família dela. Já fiquei na casa dela. Mas o meu contato com a Gisele eu posso dizer que é inexistente”, contou.
“Eu tenho bastante contato com os pais dela, com a família dela que ainda mora em Horizontina. O pai dela, o Sr, Valdir Bündchen é sociólogo e participa sempre dos nossos eventos”, afirmou. Para quem não sabe, Valdir Bündchen foi mentor da filha Gisele nas suas decisões profissionais durante a carreira. Em certa ocasião, Gisele até disse que “sem ele, provavelmente não seria quem é”.
Depois de tantos anos após descobrir Gisele, Dilson Stein ainda mantém a opinião que Gisele Bündchen é única e nunca existirá outra modelo como ela. “Eu já disse isso uma vez, mas repito. Para mim, a Gisele é para moda o que o Pelé representa para o futebol. Dificilmente vai existir outro Pelé, assim como não vai existir outra Gisele. Ela é uma grande modelo. Ela está no topo há 18 anos. Chegar aonde ela chegou já é difícil, imagina se manter lá por tanto tempo. Gisele é uma lenda”, completou.