Gislene Charaba é modelo desde os 15 anos. Já foi Miss Acre em 2003 e candidata no concurso Bela da Torcida, representando o São Paulo, em 2014. Mas desde o ano passado, suas forças estão concentradas em outro desafio: a luta contra um câncer de mama.
Em entrevista ao site Ego, Gi contou como descobriu a doença. “Eu tinha um plano de saúde em conjunto com um ex. Fiz uns exames em 2014 e deu só alguns nódulos nos seios. O namoro terminou e parei de pagar. Como nunca fiquei doente, não dei atenção. Comecei a trabalhar para uma marca famosa e não parei mais, comecei a ganhar dinheiro e viver para trabalhar, a vida de modelo tem hora para acabar. Estava me doando ao máximo, quando em março de 2015, senti um caroço, mas não dei atenção, achei que não era nada. Daí ele escureceu a pele da minha mama esquerda e cresceu muito. Com medo, comecei a procurar me informar, fiz um ultrassom e um amigo meu conseguiu biópsia e mamografia para mim. Soube que estava com câncer em agosto. Se fosse esperar a fila do SUS demoraria mais oito meses para chegar ao diagnóstico”, relembrou ela.
O tumor tinha 7 cm e foi constatada uma metástase óssea. A modelo teve que parar de trabalhar e focar totalmente em sua saúde. O tratamento, feito no Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, conseguiu conter o estágio avançado da doença e o tumor perdeu 3 cm em 1 ano. Mesmo assim, as reações da quimioterapia seguem fazendo Gislene sofrer. “Estou na segunda fase, ainda faltam dez. Meu cabelo começou a cair 15 dias depois da primeira sessão. Precisei raspar a cabeça para guardar o cabelo e tentar usar no futuro. Ganhei uma prótese capilar de uma amiga que está na fase final do tratamento. Os cílios já diminuíram e sobrancelhas também. Mesmo com a imunidade baixa, estou respondendo bem”, garantiu ela.
A dificuldade financeira, porém, faz com que a modelo, que está com 30 anos, não consiga ficar muito tempo parada. Os remédios são caros, assim como o tratamento. Além disso, tem as despesas diárias e pagamentos de contas. “Tinha uma grana guardada pra comprar meu apê. Estou vivendo com ela e com a ajuda de umas pessoas. Principalmente da ‘Fruit de la Passion’ (marca famosa de lingerie). No SUS ganho os coquetéis, mas vitaminas e auxiliares não tenho. Se antes da doença vivia com R$ 7mil, agora tenho R$ 2,5 mil de ajuda e doações. Gasto praticamente tudo com aluguel, contas e ainda tiro um pouco da minha poupança. O que vende é saúde, corpo sarado, bronzeado. Mesmo sem aparentar muito, a doença está em mim, mas eu quero trabalhar. Posso fotografar, desfilar. Tenho um caminho longo de tratamento pela frente e se eu não conseguir me manter em São Paulo, não conseguirei terminar o tratamento. Ainda tem a cirurgia e radioterapia. Vou ser tratada por pelo menos mais cinco anos. Não sei se vou poder engravidar… Não quero ser coitadinha. Eu pego ônibus, metrô, o que der para fazer”, afirmou.