A moda na época do nazismo é o tema central da mostra inaugurada nesta sexta-feira no Museu da Indústria de Ratingen, no oeste da Alemanha, que reúne mais de 100 trajes originais e outros 350 complementos.
Intitulada “Glória e horror: a moda durante o Terceiro Reich”, a exposição, em uma área de mais de 400 metros quadrados, apresenta ao público uma série de vestidos de noite, de seda e com diversos adornos, além de peças de uso diário, uniformes de trabalho e roupas confeccionadas com restos de tecidos em tempos precários.
Esse verdadeiro recorte da história da moda, que se inicia no começo dos anos 30 e se estende até os anos do pós-guerra, revela ao visitante que a indumentária na Alemanha nazista vai além do estereótipado uniforme das juventudes hitlerianas e dos vestidos inspirados no cinema.
As peças expostas, que fazem parte da ampla coleção têxtil do museu e de outros fundos, assim como de pessoas que emprestaram sua reliquias para a ocasião, mostram desde calças curtas de veludo, camisas xadres, coletes e vestidos bordados.
As tendências internacionais marcaram em parte o desenho da moda local, mas a principal dificuldade era a falta de tecidos, já que grande parte das roupas eram feitas com retalhos.
Ao ensaiar por meio das roupas a “formação do gosto nacional-socialista”, os nazistas exerceram sua influência na moda.
A moda estava a serviço do Terceiro Reich como um elemento de união nacional entre os que usavam uniforme, enquanto as estrelas de David, recortadas em tecidos, era usada pelos nazistas para identificar, isolar e perseguir os judeus.
Após a Segunda Guerra Mundial, a moda também viveu seu processo de desnazificação: em agosto de 1945, o Conselho do Controle Aliado proibiu com efeito imediato o uso dos uniformes militares e insígnias do Terceiro Reich.
Os uniformes acabaram sendo transformados em roupas para crianças, assim como as bandeiras com suástica deram origem aos aventais. No entanto, a escassez generalizada desacelerou este processo, um fato que contribuiu para que muitos trajes permanecessem praticamente intactos.
As insígnias e os botões com os emblemas do partido eram retiradas dos uniformes nazistas e recicladas para serem transformadas em outras peças, como cestas de costura e joalheiros. A maioria desse material permanece guardado até agora.
Uma das principais peças desta mostra, um capacete de bombeiro, pode exemplificar essa situação. Isso porque, a origem desta peça só foi descoberta nos 80. Na ocasião, um funcionário da corporação encontrou uma suástica por baixo do revestimento interno.
Além de roupa, a exposição também inclui revistas, cartas e fotografias de pessoas que forneceram suas histórias pessoais.
A exposição, que poderá ser acompanhada até o 27 de janeiro de 2013, faz parte de um projeto de pesquisa sobre as tendências de roupa e consumo, a disponibilidade da vestimenta e a fabricação têxtil nos tempos da Alemanha nazista.
A mostra, por sua vez, constitui o resultado visível da primeira etapa deste projeto, intitulado “Estudo sociocultural sobre a história da indumentária dos anos 30 e 40”.