Fause Haten
Créditos: Thiago Oliveira
Não bastasse a correria que envolve a produção de cada coleção entre um SPFW e outro, Fause Haten ainda resolveu se jogar na música e nos poemas. O cara multifacetado das passarelas, que hora traz peças cheias de estampas, hora fica todo preto e em seguida colore tudo de novo, trouxe as mesmas características mutantes para o CD e para o livro.
O segredo para conseguir conciliar a tripla função? Deixar que tudo caminhe em perfeita harmonia. “Se a gente olhar com atenção, a maioria dos artistas está começando a se expandir nas suas fórmulas de expressão, nos seus veículos, mas tudo alí tem um olhar particular dele. Pra mim, dentro do meu universo criativo, está tudo integrado”, explica Haten, em entrevista ao Virgula Lifestyle.
Com CD recém-lançado, no qual ele canta e assina todas as composições, o estilista conta que sempre foi um “cara musical”, mas em grande parte apenas como público. Como artista, sempre reconheceu a força e importância da escolha da trilha de um desfile, mas embora tenha lidado com isso várias vezes, a ideia de investir na carreira musical aconteceu de forma muito natural.
Em 2006, achando a vida muito “resolvidinha” e segura, Fause resolveu se movimentar um pouco e começou a fazer teatro. Da nova empreitada, vieram aulas de preparo de corpo e voz. No final de 2009, tendo acabado de se formar no teatro, decidia a trilha sonora do próximo desfile de sua coleção e ao optar por uma atração ao vivo na passarela, fez jus às aulas de voz e soltou o gogó ele mesmo. “Me dei conta do que eu estava fazendo, só na hora do desfile”, lembra.
Fause cantou no SPFW de janeiro e de junho de 2010. A partir daí, começou a voltar seus olhos para outros campos artísticos, formou uma banda, começou a cantar em alguns lugares e surgiu o interesse de reunir os textos que vinha escrevendo em um livro. “O teatro abriu meu horizonte criativo e despertou a vontade de me expressar de várias formas. Ele fez com que eu me interessasse muito pela palavra”, explica o estilista.
Depois de cantar muitas músicas em inglês, sentiu a necessidade de se comunicar mais com o público e foi atrás de um repertório em português. Então, começou a escrever suas próprias letras, embalado pela guitarra do amigo e parceiro de trabalho André Cortada. A partir daí, resolveram transformar as criações em CD e surgiu o álbum CDFH, que inclui 12 faixas, todas compostas pelo estilista.
No estilo, ele traz a mistura eclética que sempre envolveu suas passarelas. “Não tenho um gosto muito específico. Se eu for pra uma fazenda, vou ouvir um sertanejo bem feliz. Se eu for pra Bahia pulo feito louco na Pipoca. Adoro os clássicos e, andei apaixonado pela Adele e pela Florence (Florence and the Machine). Acho que a minha música reflete essa mistura de coisas. Procurei fazer algo que tivesse a minha cara, que tivesse todos esses universos com um pouco de harmonia”.
Onde isso vai parar? Já diria o bom e velho ditado: “Só Deus Sabe”. Na moda, ele começou sem fazer ideia que se tornaria sua profissão. Hoje possui 20 anos de estrada muito bem reconhecidos e carrega o proeza de ter sido o primeiro estilista brasileiro a desfilar na Semana de Moda de Nova York e na Semana de Moda de Milão. “Quem é o Fause na música? Talvez a gente saiba daqui uns 10 anos. Sei a diferença que faz uma quilometragem, uma trajetória. Vou ficar muito feliz se isso virar uma carreira, pois é uma coisa que gosto muito e faço com muito prazer”, destaca o estilista.
Mas, fashionistas, não se preocupem! Ele garante que a passarela continua firme e forte. “Estou voltando a fazer coleção masculina (não por acaso, será inspirada na música), acabamos de lançar uma loja virtual, fizemos uma coleção gigante só de noivas e os preparativos para o próximo SPFW já estão se encaminhando de novo”, diz Fause.
E enquanto isso, o livro Algumas Palavras, que reúne músicas, poemas e textos do estilista, tudo acompanhado por imagens com peças de suas coleções, tiradas por Paulo Cabral (que também é responsável pela capa do CD), ganha sua noite de autógrafos nesta segunda-feira (12), na livraria da Vila da Alameda Lorena, em São Paulo.
Haja fôlego!
