O desfile de Christian Dior para a próxima temporada de inverno começou na última sexta-feira (4) de maneira totalmente atípica, com um breve mas contundente discurso do presidente de Christian Dior Couture, Sidney Toledano, contra as palavras “intoleráveis” de quem até a última terça-feira foi seu diretor artístico, John Galliano.
Além do caráter “inaceitável” do episódio, Toledano ressaltou “a dor provocada pelo estilista gilbraltino – cujo nome não cito -, acusado por injúrias raciais e protagonista de um triste vídeo que circula pela internet no qual está visivelmente embriagado celebra Hitler e suas estratégias assassinas”.
“O fato de que o nome da Dior, por meio de seu designer, por mais brilhante que seja, tenha se misturado com palavras intoleráveis é muito doloroso”, explicou.
“Intolerável e doloroso em nome de nosso dever de memória, de todas as vítimas do Holocausto, do respeito de todos os povos, da dignidade em si mesma”, acrescentou antes de lembrar que durante a ocupação alemã da França a irmã de Christian Dior foi deportada ao campo de concentração nazista de Buchenwald.
Esta situação é dolorosa também porque todo o mundo da Dior “se dedicou de corpo e alma a seu trabalho e está triste por suas palavras inqualificáveis” e por tratar-se de alguém “a quem apreciávamos por sua grande criatividade”, acrescentou.
Toledano lembrou dos valores da empresa fundada “após horas sombrias da guerra”, em 1947, por Christian Dior, com o desejo de oferecer beleza e felicidade à mulher.
“Cuja família se arruinou em 1929 e cuja adorada irmã foi deportada a Buchenwald”, ressaltou.
Toledano disse que os valores de excelência, respeito, refinamento, caracterizaram sempre esta empresa, que há mais de 60 anos contribui ao resplendor da cultura francesa no mundo, seguem “intactos” e são portados pelas equipes e oficinas da Maison Dior.
“O que vocês vão ver agora é o resultado de um imenso trabalho”, concluiu Toledano segundos antes de ser aplaudido.