Seja por falta de grana ou por mais consciência como consumidor, já se perguntou o que fazer com as roupas que não quer mais? Comprar e usar com mais noção é também recriar o que já está no guarda-roupa e esta tendência tem um nome: upcycling.
“Upcycling significa pegar o que está parado, sem uso e dar um destino para aquilo com o valor agregado do design”, explica Gabriela Mazepa, criadora da Re-Roupa, marca que usa peças que ninguém mais quer como matéria-prima para novas criações.
Foi durante um período de estudos na França que a brasileira começou um projeto de pedir roupas “velhas” para as pessoas para dar novos destinos ao tecido. Anos depois, de volta ao Brasil, surgiu a Re-Roupa, que tem ateliê no Rio, venda online, produz com a ajuda de cooperativas de costureiras e ainda realiza oficinas para cariocas e paulistas que queiram aprender a reconstruir seu guarda-roupa. “As pessoas levam as próprias roupas, não precisam saber costurar e vão descobrindo com a gente como a roupa é desfeita e refeita”, explica Gabriela.
Se não sabe costurar, existem oficinas e lugares especializados que podem transformar um pedaço de tecido usado em uma roupa inteiramente nova. No Brasil, cresce a rede Arranjos Express, surgida em Portugal há 13 anos. Em três anos no Brasil, já customizou e repaginou mais de 550 mil peças.
O mercado de moda é um dos que mais polui no mundo. O giro de compra e descarte é muito alto, o gasto de água e material também, assim como as desigualdades sociais que regem a fabricação de roupas. Só no Brasil, mais de 85% dos resíduos têxteis vão parar no lixo e, consequentemente, causam ainda mais poluição. Por isso, ter consciência de tudo o que envolve o que usamos e como ajudar neste cenário é muito importante.
Foi com esta ideia de reaproveitamento que surgiu também a Insecta Shoes, calçados 100% veganos que reutilizam roupas garimpadas em brechós e em fábricas de tecidos ecológicos. A marca nasceu há dois anos quando as fundadoras viram durante visitas a brechós que podiam usar peças das araras para criar sapatos de forma sustentável e artesanal.
“Para nós, reaproveitamento é a palavra-chave. Queremos ao máximo aumentar a vida útil do que já existe pelo mundo e acreditamos que o produto mais verde é aquele que já existe”, conta Barbara Mattivy, uma das sócias.