Sumemo - Coleção Verão 2012
Créditos: Marcos Muti
Alexandre Bionde Miranda, o Alex Poisé, é paulistano, corintiano roxo, tem 43 anos e é o filho caçula do Seu Aroldo e de Dona Maria do Carmo. Se você é daqueles que julgam um livro pela capa, ao dar de cara com Poisé, pode pensar que o skatista careca, tatuado e dono de uma comprida barba de estimação é uma pessoa ríspida e de poucas palavras. No entanto, depois de apenas uns dois minutos de conversa, é possível perceber que se está diante de uma pessoa doce, que valoriza muito a família, é rodeado de amigos e que, meio sem querer, caiu de pára-quedas no mundo da moda, mas tem dado conta do recado. Do mesmo jeito que começou, sem querer, Poisé está transformando sua marca, a Sumemo, numa verdadeira potência do streetwear.
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Criada em 2007, a grife já virou a queridinha entre skatistas e rappers, jovens e velhos, descolados, tatuados, rebeldes e até mesmo dos que querem fingir um estilo despojado tipo “fuck the fashion”. Depois da massa, a marca também vem a cada dia conquistando a atenção e respeito dos fashionistas que demoraram a entender o conceito inserido em seu estilo.
Repleta de estampas com elementos como tacos de beisebol, socos ingleses e gírias da rua, Poisé diz que o lema da marca é “atitude” e que nada tem a ver com apologia à violência. “A marca retrata o que eu sou e o que eu vivi nas ruas. Eu vivenciei essas estampas, não são elementos forçados e chupados da internet, realmente fazem parte de minha vida”, disse.
Poisé viveu a época em que os skatistas eram marginalizados nas ruas em São Paulo nos anos 80: “a polícia tomava o skate da gente e tínhamos que ir buscar na delegacia”. Em 1986, o irmão mais velho ganhou um campeonato e acabou indo morar nos Estados Unidos. Incentivado por ele, Poisé também foi e ficou 10 anos por lá.
Lá fora, o skatista trabalhou como pedreiro, pintor e fez vários outros tipos de serviços gerais. Acabou se enturmando com uma galera meio barra pesada e foi durante este período que os elementos que atualmente usa nas estampas da Sumemo surgiram em sua vida. Poisé viu o universo das gangues de rua bem de perto e em 1997 acabou sendo preso e cumprindo pena de um ano nos EUA por ter se envolvido em uma briga.
Pena cumprida, lição aprendida, ele voltou ao Brasil e começou a trabalhar como roadie de bandas, entre elas o Planet Hemp de Marcelo D2, e também como promoter de baladas de hip hop. Até que bateu o inevitável questionamento: “O que vou querer pra minha vida?”. Aí surgiu a vontade de trabalhar com streetwear, e o nome Sumemo veio à mente.
Ele então começou a estampar artesanalmente as camisetas que comprava no bairro paulistano do Brás. O aperto de mão típico dos skatistas, que foi invenção de Poisé, passou a ser o logo oficial da marca e começou a ser estampado nas camisetas. Aos poucos, o estilo da Sumemo foi se definindo com as influências da época vivida nos EUA misturadas às raízes brasileiras do skatista.
A marca foi se difundindo e se tornando conhecida entre a galerinha moderna: “Andava com meu carro pra lá e pra cá com o porta-malas cheio de camisetas. Levava camisetas para as baladas, dava de presente aos DJs, tirava fotos e divulgava no Orkut”, contou.
Poisé nem tinha se dado conta de que tinha entrado para o mundo da moda até que André Hidalgo, organizador da Casa de Criadores, o convidou para integrar o line-up da 28ª edição do evento, que aconteceu no fim de 2010 em São Paulo. “Ele me perguntou o que eu já tinha feito na vida em termos de moda. Não sei se ele esperava que eu dissesse que tinha estudado moda em Nova York ou algo assim, mas eu falei: ‘trabalhei, roubei, andei de skate, vivi a rua’. Acabou que ele gostou da história da marca e eu entrei”, revelou.
Depois de dois desfiles na Casa de Criadores e com ícones de moda como Dudu Bertholini e Gloria Kalil se rendendo à rebeldia dos elementos da marca, a Sumeno, criada sem nenhuma pretensão de conquistar o mundo fashion, chega para bater de frente com os grandes. Assim como Poisé, a marca tende a conquistar até aqueles que costumam julgar os livros pela capa com seu streetwear autêntico, descontraído e simples. A Sumemo é assim: direta ao ponto, sem muitos rodeios e com certeza vai cair nas graças de muito “moderninho fashion Oscar Freire” que ainda nem sabe que a marca existe.
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