A modelo plus size Aline Zattar
Créditos: Rodrigo Nascimento
O termo plus size está cada vez mais em alta, mas muita gente ainda não sabe o que significa de fato. Afinal, quando uma mulher é considerada plus size? Para acabar de uma vez por todas com essa dúvida, resolvemos conversar com quem trabalha com moda plus size e entende do assunto.
Estrela de diversos ensaios de grifes de moda íntima e moda praia, a modelo Aline Zattar conta que há mesmo vários entendimentos sobre o que é ser plus size, mas todos eles podem ser explicados:
“O mercado da moda internacional em geral considera plus size quem não se encaixa nos ‘padrões de passarela’ e também as mais gordinhas. Isso generaliza de grande forma e causa muitos buxixos!”, explicou a modelo, dizendo ainda que há outras considerações.
“Para entrar em um concurso de Miss Plus Size, por exemplo, o regulamento pede que você vista acima do manequim 44. As lojas de roupas plus size só vendem roupas acima do manequim 44. A fábricas de roupas também consideram plus size acima do manequim 44 — embora muitas vezes usem modelos de manequim 40 nas campanhas”, disse.
Para Adilton Amaral, que coordena o projeto Mulheres Reais desde 2009, a coisa é bem por aí mesmo. Segundo ele, a indústria “despreza mulheres com curvas e volumes”.
“Tecnicamente o plus size começaria no tamanho 46. Porém, na prática, a mulher que usa 44 já é considerada plus size, pela dificuldade de encontrar roupas bacanas de grifes tradicionais. Essas etiquetas costumam produzir somente até o 42, deixando a mulher 44 numa espécie de ‘limbo fashion'”, explicou Adilton. “A indústria da moda despreza as mulheres com curvas e volumes, ainda que exista uma lucrativa demanda por roupas de numeração maior. Toda mulher que busca um look ‘M’ ou ‘G’ já enfrentou o drama de não achar a peça no seu tamanho”, continua.
Diretora do Fashion Week Plus Size (FWPS), o maior evento de moda GG da América Latina, Renata Poskus explica que a mulher plus size é determinada pelas medidas e não pelo peso:
“A modelo plus size não precisa ter um peso específico. O que observamos é o manequim. Acima de 90 de busto e 108 de quadril, que se enquadra no manequim 44. Embora tenhamos modelos que usem do manequim 44 ao 54 na passarela do FWPS, a maioria das nossas modelos usa manequim 46, 48 e 50, tamanho das peças pilotos desenvolvidas pelos estilistas”, afirmou.
Aceitação e transformação
Aline acredita que a ideia de plus size é “distorcida” por causa da não aceitação da mulher mais gordinha. É como se o manequim impedisse de serem dignas, de se tornarem inspiração, de despertar o desejo.
“Quando entrei no mundo da moda plus size, foi como se uma porta se abrisse para novas possibilidades. Pude deixar lá para trás, em um passado nem tão distante (mas agora bem longe da minha realidade), o preconceito por estar fora de um padrão, ou seja, por ser gorda. Minha vida mudou completamente”, relembrou.
Para a modelo, as grifes erram ao determinar um padrão, já que o ideal é que a roupa faça bem e enalteça a beleza em seus vários tamanhos e estilos. “À medida que esse ‘padrão’ começa a gerar mal-estar, conflitos ou alguma forma de depreciação, há de se repensar os valores”, disse. “O mundo plus size vai além das roupas. Envolve autoestima, amor próprio e ego. Isso tudo é decisivo na hora de salvar uma vida em depressão, como aconteceu comigo!”, pontuou Aline.
Para Aline, o mercado está crescendo e mudando, mas as grifes precisam investir mais em produtos para quem usa manequim acima do 44.
“O ideal é que o mercado da moda invista em modelagem para enaltecer nossas curvas. Plus size é acima do manequim 44, e a partir daí já começa a ficar mais difícil achar roupas nas lojas. Nós queremos moda, não só mais uma roupa para vestir. O mercado está crescendo e já temos boas opções para comprar lingeries, biquínis, roupas fitness e alfaiataria. Até mesmo as redes de fast fashion abriram seus olhos para quem é plus size”, completou.
“Consegui perceber que o que importa não é o padrão, é quando nos valorizamos e nos amamos, quando percebemos o quão bonita somos sem ter que seguir o que dizem por aí. A minha mudança de pensamento atingiu também as pessoas que estavam a minha volta. Estar bem consigo mesma é levar esperança e salvar vidas. Sim, salvar é o termo correto. E a cada vida que você salva, dá mais vontade de continuar para levar o exemplo para as pessoas que se inspiram em você”, refletiu Aline.
Para finalizar, Aline manda um recado importante para todas as mulheres: “Independentemente da forma, valorize- se, empodere-se que sua vida vai mudar da água para o vinho!”.
Créditos :
fotografia | Rodrigo Nascimento
maquiagem | Fernanda Elias
styling | Aline Zattar e Kamila Faria
lingeries | 2rios – Plus Size