Wanderson Castilho
Créditos: Thiago de Oliveiro
Quem?!?! Perito em crimes digitais e autor do livro “Mentira, um rosto de muitas faces”
APRESENTAÇÃO
Emílio: Meu querido Wanderson, o que você faz é parecido com aquela série “Lie To Me”?
Wanderson Castilho: Mais ou menos. A técnica é a mesma.
Emílio: Mas não é meio que uma picaretagem?
Wanderson Castilho: Não, é um estudo científico. Porque, Emílio, as expressões faciais são universais e isso foi comprovado cientificamente.
Emílio: Por exemplo, eu vou dizer agora uma afirmação pesada e você vai dizer se eu estou mentindo ou não.
Wanderson Castilho: Mas não funciona dessa forma.
Emílio: Não vem com essa não. Olha pra mim que eu vou falar.
Wanderson Castilho: Ok!
Emílio: Eu nunca tive vontade de queimar a rosca.
Amanda: Máquina da verdade:
Wanderson Castilho: Eu não sinto muita firmeza com relação a isso, não.
Emílio: Você não sentiu?
Wanderson Castilho: Não senti.
Davis: Mas nem eu senti
. Emílio: Tá vendo? Ele já ta querendo me comprometer.
MÉTODO
Wanderson Castilho: Mas olha como a gente faz essa comparação: quando eu estou afirmando alguma coisa, a minha expressão facial exprime exatamente a emoção que eu estou sentindo. Então, se eu estou falando alguma coisa séria, nervoso…
Emílio: Testas franzidas.
Wanderson Castilho: Exatamente. Os músculos da minha face vão se convergir de uma forma que mostre a minha raiva. Se eu estou falando alguma coisa alegre, o meu semblante tem que ser de felicidade. Agora, se eu falo para você: “te adoro, gosto muito de vocÊ”, mas estou franzindo a sombra celha, significa que eu estou mentindo, porque a minha expressa e a minha emoção dizem uma coisa enquanto a minha verbalização diz outra. A comprovação cientifica de que as expressões faciais foi conseguida através dos deficientes visuais. Eles riem, choram da mesma forma como qualquer outra pessoa faz, sendo que ele nunca viu uma expressão facial. Então essa comparação entre sua expressão facial e sua verbalização é um indicativo de mentira. O outro indicativo de mentira é quando eu te coloco sob uma situação de risco, por exemplo, ao te interrogar sobre um determinado tipo de crime, que você sabe que se você for pego, consequências desastrosas vão acontecer na sua vida. Então, quando eu te coloco em risco, o nosso cérebro, quando ele começa a criar a mentira, ele precisa de tempo para produzi-la e algumas sensações biológicas, como nervosismos, suor, morder os lábios, piscar em demasia, também são indicativos de uma mentira. No livro eu conto sobre 15 casos que eu resolvi por conta da legabilidade da detecção de mentiras.
MENTIRA
Emílio: O seu negócio é ser perito em crime de internet, certo?
Wanderson Castilho: Isso.
Emílio: A empresa te contrata fala sobre o caso de alguém ter desviado algum dinheiro e você chega lá e usa sua técnica para chegar até o autor do crime.
Wanderson Castilho: Exatamente.
Emílio: Mas tem gente que você não vai conseguir detectar esses vazamentos da mentira.
Wanderson Castilho: Esse é um ponto interessante, porque não existe uma única técnica para detectar a mentira, não é porque uma pessoa desvia o olhar que, pronto, ela está mentindo.
Emílio: Mas todo mundo mente.
Wanderson Castilho: Todo mundo mente mesmo.
Emílio: Todo mundo conta dez mentiras por dia.
Pior: Que horror!
Bola: Tem uma pesquisa que diz que cada um conta três mentiras a cada dez minutos. Wanderson Castilho: Exatamente. É que a maioria da população acredita que alguma coisa só mentira quando prejudica terceiros. Mas não é isso, mentira é tudo aquilo que não representa a realidade. Se você bateu o carro hoje pela manhã e eu chego aqui e te pergunto: “tudo bem com você, Emílio?” Você, por não me conhecer, vai responder “tudo bem!” Isso já é uma mentira, uma mentira social, “branca”, por uma necessidade de convívio aqui. Teve um jornalista, se não me engano britânico, que resolveu fazer o seguinte exercício: durante 48 horas ele não podia dizer uma mentira. Ele perdeu amigos, quase perdeu o emprego, ou seja, aconteceu uma desgraça na vida dele por ele ter sido excessivamente honesto.