Uma jovem tunisiana vítima de violação por dois policiais compareceu nesta quarta-feira (26) a um tribunal de instrução, acusada de “atentar contra o pudor”, segundo denunciou a Associação Tunisiana de Mulheres Democratas (ATFD).


Em comunicado, a ATFD descreveu o fato como um “procedimento que transforma a vítima em acusada”, com o objetivo de “aterrorizá-la para obrigá-la a renunciar a seus direitos”.
A associação também afirmou ter “dúvidas sobre o compromisso do governo em aplicar o plano nacional de luta contra a violência de gênero”.

No último dia 3, a jovem foi abusada por dois policiais enquanto um terceiro pedia a seu namorado 300 dinares tunisianos (R$ 386), segundo o rapaz contou à imprensa local.

Conforme essa versão, os três policiais se aproximaram do carro em que estavam. Enquanto um policial afastou o namorado para pedir dinheiro em troca da liberação da jovem, seus dois colegas da corporação a estupraram.

Mais tarde, a vítima e seu namorado se foram a um hospital, onde a menina obteve um laudo de corpo de delito. Com o documento em mãos, foram a uma delegacia de polícia onde levaram sete horas para denunciar os fatos.

Desde o verão passado, muitos casos de agressões e assédio policial contra mulheres foram denunciados em Túnis.

Karima Souid, uma deputada do Atakatol, um dos três partidos do governo dirigido pelos islamitas de Al-Nahda, anunciou hoje sua “total desvinculação com o Executivo” pelo caso de violação.

“Nessa coalizão só vejo a hegemonia de Al-Nahda (…) O caso da violação e a citação da vítima esta manhã é a gota d’água”, postou a deputada em seu perfil da rede social Facebook. 


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Vítima de abusos é julgada na Tunísia por "atentado ao pudor"

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