Gibis mais raros e caros
Já falamos aqui da supervalorização de algumas revistas Playboy — pô, pagar R$ 5 mil para ver a Xuxa pelada é complicado — e também das trilhas de novelas, vendidas por preços salgados por serem consideradas raridade. Resolvemos investigar os quadrinhos, e descobrimos que algumas pessoas podem ter um tesouro em casa e nem sabem.
Para tirar a prova, fomos até o famoso Sebo do Messias, que há décadas atende a galera que busca livros, discos, fitas VHS (é, ainda tem), revistas, e gibis de todas as eras, ali pertinho da Sé.
A portinha pequena engana. Além da parte aberta ao público, no andar térreo, há mais uns três ou quatro para baixo — o lugar é tipo uma mistura de batcaverna com biblioteca, quanto mais você desce, mais de tudo encontra.
Lá fomos atendidos pelo mito, o próprio Messias, um senhor de sorriso fácil que fez questão de nos levar para conhecer seu império, incluindo as partes restritas apenas aos funcionários.
“São mais de 50 trabalhando aqui embaixo, olha só isso”, disse ele, apontando um corredor de estantes que parecia não ter fim.
Na volta ele nos apresentou ao seu especialista em quadrinhos, o cara que podia nos ajudar a esclarecer o que queríamos; Jonathan Abreu.
“A coleção do Capitão América no formatinho pode ser vendida por R$ 600. Pense nisso…”
Com 20 anos de experiência (há 10 trabalhando no Sebo do Messias), ele faz de tudo lá: cuida dos gibis, reúne as coleções, dá um trato nos que estão mais surrados, coloca em saquinhos plásticos e estima o preço de cada um. Pedimos para ele nos mostrar algumas coisas mais difíceis de encontrar, as mais buscadas, e ai o papo não parou mais.
“Essas aqui, a primeira edição da Liga da Justiça, a coleção com 67 volumes sai em torno de R$ 400”, disse. “Quando uma coleção está completa, a gente não vende mais separado. Se não estivesse, só a número um sairia por uns 50 reais”, avaliou.
E não são só as raridades lançadas há décadas que estão supervalorizadas. A primeira edição do gibi da Turma da Mônica Jovem, lançada em 2008, chegou às bancas por alguns poucos reais. Hoje é vendida por R$ 60.
“Foi uma edição que teve pouca tiragem [poucas edições foram impressas], nem mesmo o Maurício de Souza sabia se a revista seria um sucesso ou fracasso, então ele lançou poucas, para experimentar e ver o que aconteceria”, contou Jonathan.
Os mais caros, segundo ele, são as coleções mesmo. Os mais procurados pelos clientes atualmente, são os mangás, mas os leitores com mais de 30 anos, preferem TEX, superheróis, etc. “A coleção TEX é bem cara. Fica em torno de uns R$ 400, mas tem centenas de volumes. Quem consegue completar, vende por um preço bem caro”, explicou.
No mar de livros, revistas e gibis, ele conta: “No site nós temos uns 80 mil itens, mas isso aqui tudo, numa estimativa que fiz por conta própria, tem uns 350 mil itens, e todos os dias a gente sai para buscar mais”, contou.
“O bom, caro, e que não sai de moda, é Sandman. Todos que chegam aqui, a gente vende. É a bíblia para quem lê gibi, é um patrimônio histórico. Neil Gaiman também. Só para você ter uma ideia, esses quatro volumes de Os Livros da Magia, saem por uns R$ 65, mas nunca temos, sempre vende.”
E o papo continuou com Jonathan mostrando raridades: “Esse aqui é o Demolidor Amarelo, é rara. A gente vendia por R$ 40. Agora está em 180 reais. Não é fácil de achar!” Outra coleção que valorizou bastante é a do Spawn. Para levar todos os exemplares para a casa, você terá que desembolsar R$ 700.
Resumo da ópera: amigo, nessa crise, suas revistinhas antigas podem salvar a pele. Vai ter sempre alguém querendo cuidar bem dela!
Se você gostou e tá a fim de visitar:
Sebo do Messias
Praça Dr. João Mendes, 140
Sé, São Paulo