Assim que começa julho muitos jovens querem “largar tudo” para viajar. Mas antes disso, os casais de namorados ficam preocupados pensando em como vão fazer para transar sem ser incomodados e sem incomodar, afinal eles vão dividir o mesmo espaço com os pais, irmãos, tias, primos, etc. Sigmund Freud, fundador da psicanálise, já dizia que toda relação sexual envolve pelo menos quatro pessoas. Duas são reais, mas duas se encontram armazenadas no inconsciente – os pais.

Se já era um problema convencer seus pais a deixá-lo viajar com os amigos, imagina o que eles vão pensar sobre uma viagem a dois? Para alguns, a resposta é não e pronto. Mas outros, mais compreensivos, aceitam que seus filhos levem seus companheiros junto, desde que eles respeitem certos limites.

A psicoterapeuta e sexóloga da Unifesp, Mara Pusch, afirma que independência e liberdade devem ser conquistadas pelos jovens ao longo do tempo devido às suas atitudes, portanto “os adolescentes devem entender que embora eles façam parte daquela casa, aquele ambiente pertence aos seus pais e é direito deles permitirem ou não determinados comportamentos dentro dela”.

A estudante de publicidade Fabiana Ribeiro, de 21 anos, que teve um namoro de aproximadamente 4 anos, conta que quando viajava ficava pensando em um lugar estratégico para fazer sexo. “A gente sempre esperava o momento em que eles (os pais) saíssem para algum lugar para aproveitar e fazer uma ‘rapidinha’.”

Os limites impostos pelos pais não agradam a maioria dos jovens, que às vezes se revoltam. Nesse momento “o importante é perceber o quanto é bom estar junto, aproveitar a convivência com o parceiro e até ficar privado de sexo por um tempo. O que é preferível, viajar com o amado e ficar privado de sexo por 15 dias ou ficar privado do amado pelos mesmos 15 dias?”, questiona a sexóloga.

O sexólogo Amaury Mendes Júnior, coordenador do curso de pós-graduação em terapia sexual da clínica Delphos, classifica pequenos desentendimentos entre pais e filhos como necessários para que “as cartas sejam colocadas na mesa e todos possam se respeitar”. Segundo ele, “nesta fase acontecem as grandes paixões, portanto é normal o afastamento emocional dos pais. Também pode ocorrer uma certa concorrência entre os pais e os novos chegados à família”.

No início do relacionamento, os pais de Fabiana não permitiam que ela dormisse com o ex-namorado no mesmo quarto. “Ele sempre dormia com meus irmãos. No início, meu ex dizia que qualquer mexidinha que ele dava na cama meus irmãos acordavam e davam uma olhadinha para o lado. Mas depois, quando fizemos 3 anos e meio de namoro, as coisas foram ficando mais maleáveis, passamos a dormir no mesmo quarto, mas nunca na mesma cama”, revela a estudante.

Se na família dela essas eram as regras, na família do namorado não havia imposições. Fato ainda muito comum quando se trata de filhos homens. Segundo Fabiana, as viagens com a família do namorado eram tranqüilas: “Sempre que viajava com meu ex para o apartamento dele na Riviera de São Lourenço, em São Paulo, dormíamos juntos na mesma cama, mesmo com a família dele lá. Eles não ligavam”.

Mara Pusch comenta que “a decisão dos pais é bem mais conservadora quando envolve meninas”. Em pesquisa realizada pelo IBOPE, em janeiro de 2002, foi constatado que 37% dos meninos recebem autorização para dormir com namoradas em casa, contra 9% das meninas. Para ela, “isso mostra o quanto as famílias são ‘machistas’. Porém esta é uma decisão que cabe a cada família de acordo com seus costumes e crenças”.

Veja dicas da sexóloga para conquistar a confiança dos pais

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Viagem em família: férias sem sexo ou sem seu amor?

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