O Vaticano abriu excepcionalmente nesta terça-feira (19) suas portas à imprensa para mostrar alguns de seus locais menos conhecidos, em vista dos próximos eventos devido à renúncia do papa Bento XVI, que será oficializada no dia 28 deste mês.

Jornalistas de vários países e veículos de imprensa – entre eles a “Agência Efe” – se reuniram em frente ao chamado Portão Petriano, um dos três grandes acessos ao Vaticano, para participar de um percurso entre os lugares que serão o centro do mundo nos próximos dias quando for efetivada a renúncia de Bento XVI e começar o conclave para escolher seu sucessor.

O percurso organizado pelo Vaticano começa na “Domus Sanctae Marthae” (residência Santa Marta), a poucos metros do Portão Petriano, situado à direita da Basílica de São Pedro e onde ficarão hospedados os 117 cardeais que se reunirão no conclave que elegerá o próximo pontífice.

O edifício moderno e privado de interesse arquitetônico se transformará em um local de vital importância nos dias do conclave, já que, em seus cinco andares e 106 confortáveis suítes, 22 quartos individuais e vários salões, os cardeais trocarão impressões e decidirão o destino da Igreja.

Embora seu interior tenha decoração austera e essencial, nada tem a ver com as instalações usadas nos conclaves de épocas passadas, onde os cardeais ficavam em quartos separadas por biombos, sem banheiros individuais e com as janelas seladas para impedí-los de se comunicar com o exterior.

De Santa Marta começa a subida à colina do Vaticano, onde se passa por aquela que foi a estação ferroviária do pequeno Estado, agora transformada em um “centro comercial” para os mais de 4.000 funcionários do Vaticano.

De lá se chega ao imponente palácio neoclássico do “Governatorato”, sede do governo do Vaticano, em cujo interior podem ser vistos vários escritórios, todos com a foto de Bento XVI.

A visita ocorre com rapidez, já que às 14h locais os jardins do Vaticano fecham suas portas aos turistas para que o papa possa desfrutar da calma e da privacidade de um sereno passeio.

Bento XVI – diz a guia, pertencente ao serviço de Comunicação Social do Vaticano – costuma fazê-lo frequentemente. Não são longos passeios, mas momentos de oração e contemplação em algum dos pequenos cantos dos jardins onde reina um incomum silêncio em contraste com a caótica Roma. O silêncio, por sinal, foi o grande protagonista durante o passeio pelos 22 hectares dos jardins que ocupam metade da área do Estado pontifício.

Não se sabe se fará parte dos próximos roteiros turísticos, mas hoje pôde ser observado o mosteiro “Mater Ecclesiae”, residência que Bento XVI escolheu para viver após sua renúncia, situada em uma área afastada dos jardins com uma privilegiada vista para a cúpula de São Pedro, e do qual são observados os telhados da Capela Sistina, onde será colocada a chaminé que anunciará a escolha do novo pontífice através de uma fumaça branca.

Trata-se de um lugar estratégico, completamente cercado por um grosso muro, um jardim de limoeiros e laranjeiras, fresco e amplo para que Bento XVI possa passear e se dedicar a suas reflexões e orações.

O edifício, já conhecido como “a Boa Retirada” no qual vive um grupo de freiras, tem quatro andares e 12 celas monásticas. Em seu térreo ficam o refeitório, a cozinha e a enfermaria, uma biblioteca e uma capela.

O mosteiro atualmente está sendo reestruturado, e se trabalha durante todo o dia todo para terminá-lo o mais rápido possível e torná-lo o mais acolhedor possível para a chegada do novo hóspede.

Após sua renúncia, Bento XVI passará cerca de dois meses na residência apostólica de Castelgandolfo (a cerca de 30 quilômetros de Roma) até que termine a reestruturação do mosteiro.


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Vaticano mostra à imprensa seus lugares mais restritos

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